77% dos moradores do Rio preferem investigação a mortes em ações policiais, diz Datafolha

Atualizado em 1 de novembro de 2025 às 19:56
Fila de mortos vítimas do massacre após a operação policial no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução

Uma pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1) mostrou que 77% dos moradores da capital e da região metropolitana do Rio de Janeiro consideram mais importante realizar investigações para combater o crime organizado do que matar criminosos. O levantamento ouviu 626 pessoas acima de 16 anos por telefone nos dias 30 e 31 de outubro, apenas nessa região.

Segundo o instituto, 73% discordam da ideia de que “quem morre em operação policial é sempre bandido”, enquanto 23% afirmam concordar com a frase. Já em relação ao discurso de que “bandido bom é bandido morto”, 45% discordam e 51% concordam.

O levantamento foi feito logo após a operação policial que deixou ao menos 121 mortos nas favelas da Penha e do Alemão. Mesmo assim, 57% concordam com a declaração do governador Cláudio Castro, que afirmou que a ação foi bem-sucedida, enquanto 39% discordam.

A pesquisa aponta diferenças entre grupos sociais. Entre homens, 68% concordam com o governador, enquanto entre mulheres o índice cai para 47%. Entre entrevistados com renda entre cinco e dez salários mínimos, 49% discordam da operação. Entre jovens de 16 a 24 anos, a discordância chega a 59%.

O resultado que prioriza investigações sobre mortes se aproxima da estratégia do governo federal. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem apostado em ações que buscam sufocar financeiramente organizações criminosas, como a Operação Carbono Oculto, que investigou movimentações do Primeiro Comando da Capital no centro financeiro de São Paulo.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o presidente Lula. Foto: Mauro Pimental/AFP

Como aposta estrutural, o governo propôs a PEC da Segurança Pública ao Congresso Nacional em abril deste ano. O texto prevê incluir o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) na Constituição, garantindo integração permanente entre União, estados e municípios.

O objetivo é articular informações, operações e estratégias de combate ao crime organizado. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou durante coletiva no Rio nesta semana que a proposta busca entrosamento entre diferentes níveis de governo.

Além da PEC, Lula assinou na sexta-feira (31) o projeto de lei Antifacção, que pretende agravar penas para lideranças e integrantes de facções criminosas no país. A proposta segue para análise no Congresso.

A pesquisa Datafolha foi publicada no contexto de debates sobre segurança pública no estado, que concentra operações de grande impacto e investigações ligadas ao crime organizado.