
Uma pesquisa da plataforma ResumeTemplates, realizada nos Estados Unidos, revelou o alto nível de envolvimento dos pais na vida profissional dos jovens da Geração Z. Segundo o levantamento, 80% dos entrevistados entre 18 e 28 anos pedem que seus pais conversem com seus chefes, e 77% já levaram um dos genitores a uma entrevista de emprego. O estudo ouviu 831 jovens empregados em tempo integral e mostra um novo fenômeno nas relações entre trabalho e família.
De acordo com os dados, 1 em cada 3 jovens teve o currículo escrito integralmente pelos pais, enquanto 53% pediram ajuda para revisar o documento e 47% solicitaram correções de ortografia. Além disso, 29% afirmaram que a carta de apresentação também foi redigida pelos genitores. O apoio vai além da preparação: 63% pediram aos pais que enviassem candidaturas em seu nome, e 54% solicitaram que eles se comunicassem com recrutadores por e-mail ou telefone.
A presença dos pais também chega às entrevistas. Entre os jovens que levaram familiares a esses encontros, cerca de 40% disseram que os pais participaram ativamente, fazendo perguntas, respondendo aos recrutadores e até negociando salários e benefícios. Segundo a estrategista de carreira Julia Toothacre, que comentou os resultados, esse comportamento pode até parecer natural em uma geração mais conectada à família, mas compromete a credibilidade profissional.

“Os pais podem ser mentores valiosos, especialmente se atuarem em áreas semelhantes, mas a participação direta prejudica a imagem de maturidade dos filhos”, avalia Toothacre. A especialista destaca que empregadores e profissionais de RH devem ajudar os jovens a desenvolver autonomia, oferecendo orientação e simulações de conversas com gestores.
A pesquisa também revelou que o envolvimento familiar continua após a contratação. 86% dos jovens disseram que pedem aos pais para revisar avaliações de desempenho, e 73% afirmaram receber ajuda direta para concluir tarefas do trabalho. Além disso, 57% levaram a família para o escritório em algum momento. Esse padrão reforça a percepção de dependência emocional e prática da geração, que cresceu em um contexto de hiperconectividade e supervisão parental intensa.
Entre os temas mais discutidos pelos pais com os chefes dos filhos estão conflitos internos (50%), solicitação de folgas (49%), aumentos salariais (46%) e mudanças de cargo (40%). Para especialistas, o fenômeno reflete tanto a preocupação das famílias com a estabilidade financeira dos jovens quanto a dificuldade da nova geração em lidar sozinha com a pressão e a hierarquia do ambiente corporativo.