Castro afronta Moraes ao decidir recebê-lo na sede da Polícia Civil após chacina no Rio

Atualizado em 2 de novembro de 2025 às 18:40
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Lindbergh Farias (PT-RJ) publicou um vídeo neste domingo (2) criticando o governador Cláudio Castro (PL) por sua postura após a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, que deixou mais de 120 mortos. O parlamentar acusou o governador de praticar “necropolítica” e de tentar usar as mortes como capital eleitoral. “Ele faz da tragédia um palanque político”, afirmou.

No vídeo, Lindbergh também comentou a visita do ministro Alexandre de Moraes ao Rio, prevista para esta segunda-feira (3). Moraes é o relator da ADPF das Favelas (ADPF 635), que define regras para operações policiais em comunidades. Segundo o deputado, o STF exige que essas ações sejam acompanhadas de políticas de educação, saúde e segurança pública permanentes, e que os responsáveis pelas organizações criminosas sejam identificados e investigados.

O petista criticou o tom adotado por Cláudio Castro em uma reunião com deputados estaduais, da qual participaram aliados como Carlos Bolsonaro (PL-RJ). No encontro, o governador disse que não receberá Moraes no Palácio Guanabara, mas sim na sede da Polícia Civil, alegando que ali é “a casa das polícias”. “Ou soma conosco, ou some”, declarou Castro, em tom desafiador, ao se dirigir às autoridades federais.

Lindbergh reagiu chamando o governador de “rei da cocada preta”. “Você vai tratar um ministro do Supremo assim? A esperteza demais come o dono”, ironizou. Ele afirmou que a postura de Castro demonstra desrespeito institucional e tentativa de confrontar o STF, que investiga abusos e excessos em operações de segurança pública.

O deputado ainda antecipou que o Rio de Janeiro será alvo de uma grande operação conjunta da Polícia Federal e da Receita Federal, voltada ao combate ao crime organizado. “Vai ser a maior operação de investigação da história do país”, declarou. Segundo ele, os chefes do Comando Vermelho e das milícias não estão nas favelas, mas “nos prédios de luxo e empresas envolvidas em fraudes”.

Encerrando a fala, Lindbergh sugeriu que as próximas ações federais devem mirar também o núcleo econômico das milícias, que movimenta milhões em atividades ilícitas, como combustíveis, imóveis e segurança privada. “Vamos esperar o final dessa história”, disse, insinuando que novas prisões e quebras de sigilo podem atingir empresários e políticos próximos do governo do Rio.