
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney morreu aos 84 anos, na noite de segunda-feira (3), em decorrência de complicações de pneumonia e problemas cardíacos e vasculares, informou sua família nesta terça-feira (4). Figura influente na política americana e um dos arquitetos da chamada “guerra ao terror”, Cheney foi vice de George W. Bush entre 2001 e 2009.
Durante o governo Bush, Cheney teve papel determinante na resposta dos EUA aos atentados de 11 de setembro de 2001, sendo o principal articulador da invasão do Iraque em 2003.
Ele defendia a tese de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa — nunca encontradas — e justificava as chamadas “técnicas aprimoradas de interrogatório”, como afogamento simulado e privação de sono, posteriormente classificadas como tortura pelo Comitê de Inteligência do Senado americano e pela ONU.
O republicano também foi um dos maiores defensores da ampliação dos poderes presidenciais, que, segundo ele, vinham sendo enfraquecidos desde o escândalo de Watergate.

De mentor conservador a crítico de Trump
Embora tenha sido por décadas um conservador linha-dura, Cheney rompeu com o Partido Republicano ao se posicionar contra Donald Trump.
“Nos 248 anos de história da nossa nação, nunca houve um indivíduo que representasse uma ameaça maior à nossa república do que Donald Trump”, declarou em 2022, ao anunciar apoio à democrata Kamala Harris.
Sua filha, Liz Cheney, também rompeu com o trumpismo e ganhou destaque ao integrar a investigação sobre a invasão ao Capitólio e votar pelo impeachment do republicano.
Trajetória e problemas de saúde
Antes de ser vice, Cheney foi secretário de Defesa no governo George H. W. Bush, liderando as Forças Armadas na Guerra do Golfo Pérsico, e deputado por Wyoming. Em 2000, foi escolhido como vice na chapa de George W. Bush e se tornou uma das figuras mais influentes de Washington.
Durante o segundo mandato de Bush, sua influência diminuiu à medida que decisões controversas sobre o Iraque e o combate ao terrorismo passaram a ser questionadas. Cheney, no entanto, continuou a defender as medidas tomadas.
Cheney conviveu com problemas cardíacos por décadas — sofreu o primeiro infarto aos 37 anos e chegou a passar por um transplante de coração em 2012. Sobrevivente de cinco ataques cardíacos, declarou em 2013 que acordava todos os dias “com um sorriso no rosto, agradecido pelo dom de mais um dia”.
O ex-vice-presidente deixa a esposa, Lynne, e duas filhas: Liz Cheney, ex-deputada e uma das mais firmes opositoras de Trump dentro do Partido Republicano, e Mary Cheney.