
A professora Jacqueline Muniz, do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), pediu nesta segunda (3) para ingressar no Programa de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos. A solicitação ocorre após uma onda de ameaças sofridas nas redes sociais e fora delas, desde que criticou a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro.
Muniz tem sido uma das vozes mais contundentes contra a Operação Contenção, classificada por ela como um uso político da violência. “Há três décadas a cidade usa a guerra contra o crime para ganhar a eleição. Foi marketing político, uma cloroquina para a segurança e deve, sim, fortalecer o bolsonarismo para o próximo ano”, afirmou à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
O pedido de proteção foi protocolado pelo gabinete do vereador Leonel de Esquerda (PT), que preside a Comissão de Favelas da Câmara do Rio, e pelo advogado Carlos Nicodemos, integrante do Conselho Nacional de Direitos Humanos. O programa, criado em 2019, tem como objetivo garantir segurança a pessoas ameaçadas por sua atuação na defesa de direitos humanos.

Nas redes, Muniz relatou ter sido fotografada durante um almoço em um restaurante. As imagens circularam acompanhadas de insultos e ameaças. Um usuário chegou a comentar: “Dá uma pedrada nela. kkkk”.
Segundo a professora, as mensagens hostis se intensificaram após postagens de parlamentares bolsonaristas, como os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), que a atacaram publicamente por suas declarações sobre a operação.
A UFF manifestou apoio à docente em nota divulgada no domingo (2), classificando os ataques como tentativas de intimidação e ressaltando o valor da liberdade acadêmica. “A universidade acompanha com preocupação os discursos de ódio e misóginos direcionados à professora e reitera seu repúdio a qualquer forma de silenciamento de vozes comprometidas com os direitos humanos”, afirmou a instituição.