
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias, anunciou nesta segunda-feira (3) que protocolou uma representação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a abertura de inquérito contra o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
O parlamentar acusa o chefe do Executivo fluminense de crime de traição e atentado à soberania nacional, após o envio de documentos sobre o Comando Vermelho à Embaixada dos Estados Unidos.
Segundo ele, Castro teria solicitado ao governo norte-americano que classificasse a facção criminosa como organização terrorista, medida que, segundo o parlamentar, foi feita sem qualquer autorização do governo federal.
O deputado afirma ainda que o governador entregou pessoalmente um relatório sobre o tema à Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) durante uma viagem oficial aos EUA, em maio deste ano.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o líder petista criticou o gesto de Castro e disse que a iniciativa representa “interferência estrangeira em assuntos internos do Brasil”. Para Lindbergh, a proposta de reconhecimento das facções como grupos terroristas “não muda nada no combate ao crime” e serve apenas para abrir brechas a sanções internacionais e possíveis intervenções externas.
“Não há qualquer aumento de pena ou impacto prático na segurança pública. O que existe é o risco de bloqueio de reservas e ativos bancários, o que atinge diretamente a soberania nacional”, afirmou o deputado. Ele classificou a conduta do governador como um ato político que “coloca em xeque a autonomia do país”.
Cláudio Castro foi longe demais!
O governador Cláudio Castro cruzou todas as linhas ao enviar documentos e pedidos ao governo dos Estados Unidos para que classificasse o Comando Vermelho como organização terrorista sem o aval do governo brasileiro.Essa articulação abre caminho… pic.twitter.com/HNGy8aISc4
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) November 3, 2025
A representação protocolada pelo PT pede que o STF solicite os relatórios trocados entre o governo estadual e autoridades norte-americanas e que o governador seja afastado preventivamente do cargo.
O partido também requer que a Abin e a Controladoria-Geral da União atuem na preservação de dados e investiguem possível vazamento de informações sigilosas sobre segurança nacional. Lindbergh também fez críticas ao projeto de lei “antiterrorismo” apresentado pela oposição, que pode ser apensado à proposta antifacção do governo federal.
Segundo ele, o texto “mistura fenômenos distintos e tenta federalizar o tráfico de drogas”, o que, em sua avaliação, “retira dos Estados a responsabilidade pelo enfrentamento às facções criminosas e transfere o problema para a União”.
“O projeto não tem qualquer eficácia prática no combate ao crime organizado e não melhora a segurança da população”, afirmou o líder do PT. Ele argumenta que medidas desse tipo servem apenas para “politizar a pauta da segurança pública e gerar insegurança jurídica”.
Na semana passada, Lindbergh já havia acionado o Supremo contra Cláudio Castro por suspeita de interferência nas investigações da Operação Carbono Oculto, que apura a atuação de empresários ligados à refinaria Refit. Na nova ação, ele pede a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico do governador, além de seu afastamento cautelar enquanto o caso é apurado.