
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi desmentido na última quarta-feira (5) durante a sessão que aprovou o projeto de lei do governo Lula (PT) que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. O embate ocorreu após o parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentar atribuir ao pai a autoria da medida.
Ao orientar o voto do Partido Liberal, Flávio declarou que apoiava a proposta porque ela “também era um compromisso de campanha do presidente Bolsonaro”.
A declaração provocou reação imediata do senador Humberto Costa (PT-PE), que foi à tribuna para desmentir o colega e lembrar que Jair Bolsonaro, mesmo tendo prometido isenção do IR em 2018, não cumpriu o que prometeu ao longo dos quatro anos em que esteve no Planalto.
“Promessa que ele não cumpriu. Passou quatro anos, não fez. E durante todo esse período, a população brasileira sofreu com a ausência de correção da tabela do Imposto de Renda”, afirmou Humberto Costa. O petista também rebateu as críticas feitas por aliados do PL sobre a condução da economia.
“Eles vêm aqui agora para falar de desemprego no momento em que estamos vivendo a menor taxa histórica de desemprego, resultado de uma política econômica exitosa que promoveu o crescimento econômico. Acima de qualquer previsão do mercado. O que nós estamos fazendo hoje é garantir o início de uma reforma do Imposto de Renda que vai, ao final, promover justiça tributária efetivamente”.
Pasmem com a cara de pau! 🤯
Flávio Bolsonaro tentou (sem sucesso!) roubar o crédito da aprovação do IR Zero (isenção até R$ 5 mil) e transferir parte dos “louros” para o pai.@senadorhumberto não deixou barato e desmascarou a mentira rapidamente. pic.twitter.com/SQfMvzLAtm— PT no Senado (@PTnoSenado) November 5, 2025
Projeto de Lula é aprovado por unanimidade no Senado
A proposta, apresentada pelo governo federal em março, foi aprovada por unanimidade no Senado e segue para sanção do presidente Lula. O texto prevê isenção total para quem ganha até R$ 5 mil por mês e aumento na tributação sobre rendas mais altas.
Segundo estimativas do governo, cerca de 25 milhões de brasileiros serão beneficiados com a isenção, enquanto cerca de 200 mil contribuintes das faixas mais ricas passarão a pagar mais.
Para compensar a redução de arrecadação, o projeto cria uma alíquota adicional progressiva de até 10% sobre rendimentos anuais acima de R$ 600 mil, além de impor tributação de 10% sobre lucros e dividendos enviados ao exterior. O objetivo é reduzir a evasão fiscal e reforçar a arrecadação federal sem penalizar as camadas médias e de baixa renda.
A relatoria no Senado ficou a cargo de Renan Calheiros (MDB-AL), que classificou a aprovação como “um dia histórico”. “Aprovamos o Imposto Zero para quem ganha até 5 mil por mês.
O benefício alcança 90% da população e inicia um processo de justiça tributária. É um orgulho ter sido o relator da proposta que vai mudar a vida de muita gente”, escreveu Renan nas redes sociais.
Nas redes sociais, o presidente Lula celebrou a aprovação unânime e ressaltou que o projeto representa um avanço na construção de um sistema tributário mais equilibrado. “Hoje é um dia histórico. Demos um passo decisivo para um país mais justo, com um sistema que reconhece o esforço de quem ajuda a construir o Brasil”, disse o presidente.
Segundo Lula, a nova política de isenção “garante mais dinheiro no bolso de quem vive do próprio trabalho” e faz com que “quem ganha muito contribua com sua justa parte”.
O presidente também agradeceu ao relator Renan Calheiros e ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pela condução do processo. “Por unanimidade, nos dois casos. Uma vitória da democracia e da justiça social. É o Governo do Brasil do lado do povo brasileiro”, concluiu.