Onde serão as próximas operações em favelas do Rio após massacre

Atualizado em 6 de novembro de 2025 às 13:44
Policiais durante operação contra o Comando Vermelho no Rio. Foto: EPA

O governador Cláudio Castro afirmou que 10 novas megaoperações policiais já estão programadas no Rio de Janeiro, em modelo semelhante ao das ações nos complexos do Alemão e da Penha, que deixaram 121 mortos na semana passada. Segundo informações divulgadas pelo colunista Lauro Jardim do jornal O Globo, favelas como Rocinha, Cidade de Deus, Complexo da Maré e Complexo de Israel já têm autorizações judiciais para incursões.

O governo também planeja ocupar comunidades em Jacarepaguá em dezembro e iniciar, já na próxima semana, incursões diárias na Zona Sudoeste e na Baixada Fluminense para retirada de barricadas. O secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, evitou confirmar quais favelas entrarão nas próximas operações, mas afirmou que os inquéritos que identificam chefes do tráfico e grupos criminosos estão avançados.

A Rocinha, em especial, é vista como ponto estratégico do Comando Vermelho e é comparada ao Alemão e à Penha em termos de estrutura e capacidade de resistência. Segundo o secretário, a região funciona como um dos principais entrepostos de drogas da facção e abriga criminosos de outros estados.

Em junho, cerca de 400 traficantes do Ceará e do Rio fugiram pela mata durante uma ação policial. Santos citou ainda um episódio em que criminosos cearenses instalados na comunidade chegaram a influenciar eleições municipais, evidenciando a força da organização.

Segundo o governo estadual, a favela está protegida por cerca de 800 traficantes, divididos em setores para facilitar a estrutura de poder do Comando Vermelho. O chefe local, Johnny Bravo, controla a parte inferior da comunidade, mas teria “arrendado” áreas da parte superior a grupos do Ceará, que ocupam uma mansão com piscina e vista para o mar. O lado direito da parte alta estaria sob comando de Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha.

Operação na Favela da Muzema em 2024. Foto: Domingos Peixoto

O secretário afirmou que, além das operações, é essencial seguir o fluxo financeiro das facções. Ele disse que o governo federal fornecerá analistas para rastrear transações e reforçar o combate à entrada de armas, especialmente fuzis, no estado. A medida foi combinada em reunião recente com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.

As ocupações permanentes fazem parte de uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) dentro da ADPF das Favelas, que determina que o estado apresente até 20 de dezembro um plano de “reocupação territorial”. Órgãos do governo foram convocados a informar equipamentos públicos e projetos existentes em Gardênia Azul, Muzema e Rio das Pedras, comunidades priorizadas para essa política.

Gardênia e Muzema, historicamente dominadas pela milícia, foram recentemente tomadas pelo Comando Vermelho. Já Rio das Pedras, uma das maiores favelas do país e berço da milícia no Rio, segue sob domínio paramilitar. A Secretaria de Segurança criou um grupo de trabalho para elaborar e monitorar o plano territorial pelos próximos 60 dias, prorrogáveis por mais 60.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.