Celso Amorim: Brasil tem “responsabilidade com os vizinhos sul-americanos”

Atualizado em 6 de novembro de 2025 às 22:42
Celso Amorim, assessor internacional da Presidência. Foto: reprodução

O assessor especial para assuntos internacionais de Luiz Inácio Lula da Silva, Celso Amorim, afirmou nesta quinta-feira (6) que o Brasil deve priorizar a América do Sul em sua política externa, especialmente em relação à Venezuela e aos Estados Unidos. De acordo com a Folha de S.Paulo, Amorim disse que o Brasil tem uma responsabilidade com os países vizinhos, já que tem fronteiras com dez países sul-americanos. “Estamos discutindo algo que é a nossa fronteira”, declarou.

“Nós temos que defender a América do Sul, nós vivemos aqui, o Brasil tem fronteiras com dez países da América do Sul. Quer dizer, é diferente, nós não estamos discuindo uma coisa distante”, explicou.

Lula viajará para a Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) no próximo sábado (8), na Colômbia, onde a pauta principal será a solidariedade à Venezuela. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a reunião vai reafirmar o compromisso da América Latina com a paz e cooperação, com ênfase no apoio regional à Venezuela. A agenda da cúpula também deve abordar temas como integração regional e a busca por soluções para crises políticas e econômicas em países latino-americanos.

O presidente Lula discurso de abertura da sessão plenária da Cúpula do Clima em Belém (PA). Foto: Reprodução

“Essa reunião vai tratar da sua agenda, da sua pauta, e é um apoio, uma solidariedade regional à Venezuela, tendo em vista que o presidente [Lula], repetidamente, já disse —e é a posição da nossa política externa— que a América Latina e, sobretudo, a América do Sul, onde nós estamos, é uma região de paz e cooperação”, ressaltou nesta quarta-feira (5).

Amorim também destacou que a postura do Brasil não prejudica os esforços de mediação de Lula entre os Estados Unidos e a Venezuela. Nos últimos meses, os EUA realizaram ataques a embarcações no Caribe e Pacífico, alegando combate ao tráfico de drogas venezuelano. Esses ataques resultaram em pelo menos 66 mortes e geraram tensões, sendo vistos como uma forma de pressionar Nicolás Maduro a deixar o poder.

A relação do Brasil com os EUA no contexto da Venezuela continua sendo uma linha tênue, com o Brasil buscando ser um mediador sem se alinhar completamente a nenhuma das partes. O governo de Lula tem enfatizado a importância de um diálogo direto para resolver as questões, sem recorrer a ações militares, que podem agravar ainda mais a situação.

Sofia Carnavalli
Sofia Carnavalli é jornalista formada pela Cásper Líbero e colaboradora do DCM desde 2024.