VÍDEO – Anitta sai em defesa da taxação dos super-ricos: “Minha responsabilidade”

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 6:47
A cantora Anitta. Foto: Anderson Bordê/AgNews

Durante sua passagem pelo tapete verde do prêmio Earthshot Prize, realizado nesta quarta-feira (5) no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Anitta se posicionou em defesa da taxação dos super-ricos. A cantora afirmou que o impacto ambiental é muito maior entre os mais ricos e que as responsabilidades diante da crise climática devem ser proporcionais à renda.

“Cada um fazendo sua parte diante da sua realidade, acho que faz uma diferença imensa, principalmente quem tem mais, porque normalmente quem polui mais é quem tem mais dinheiro. A porcentagem de responsabilidade da população pobre é muito pequena em comparação com as pessoas ricas, então, isso deveria vir primeiro das pessoas ricas”, declarou.

Anitta, que vem incorporando discursos sobre sustentabilidade e justiça social em suas aparições públicas, também disse não ver problema em pagar mais impostos. Para ela, a contribuição fiscal é uma forma de exercer cidadania, independentemente da gestão dos recursos pelo Estado.

“O que o governo faz com o dinheiro não é a minha responsabilidade. A minha responsabilidade como cidadã é pagar os impostos e eu sou super a favor. Eu não vejo problema nenhum se eu tiver que pagar mais imposto”, afirmou a artista, ao comentar sobre a necessidade de políticas públicas para equilibrar desigualdades e financiar ações ambientais.

Taxação e a suposta “fuga de milionários”

As declarações da cantora contrastaram com recentes manifestações contrárias à taxação dos mais ricos. O empresário bolsonarista Luciano Hang, dono da Havan, criticou a proposta em suas redes sociais, afirmando que “mais de 1.200 milionários devem deixar o Brasil em 2025”. Ele alegou que a medida poderia gerar “menos investimentos, menos geração de renda e mais desigualdade”.

No entanto, estudos internacionais desmentem essa narrativa. Um relatório do Institute for Policy Studies (IPS) e da State Revenue Alliance (SRA), nos Estados Unidos, aponta que o aumento de impostos sobre grandes fortunas não gerou fuga de milionários em estados como Massachusetts e Washington.

Pelo contrário: o número de pessoas com patrimônio superior a US$ 1 milhão cresceu 38,6% em Massachusetts e 46,9% em Washington após a adoção das novas taxas.

Além disso, os dois estados arrecadaram bilhões com os tributos progressivos — US$ 2,2 bilhões em Massachusetts e US$ 1,2 bilhão em Washington —, destinando os recursos a programas de educação, alimentação escolar e transporte público.

A experiência estadunidense reforça o argumento de que políticas fiscais voltadas à equidade podem fortalecer economias locais, reduzir desigualdades e financiar ações sustentáveis. O contraste é nítido com o chamado “Grande Experimento de Corte de Impostos do Kansas”, implementado em 2012 e encerrado cinco anos depois devido a déficits e queda de investimentos.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.