Moraes e Dino votam para manter condenação de Bolsonaro e seus comparsas

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 11:48
O ex-presidente Jair Bolsonaro na garagem da casa onde cumpre prisão domiciliar, em Brasília. Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

O ministro Alexandre de Moraes votou nesta sexta (6) para rejeitar os recursos apresentados por Jair Bolsonaro e manter a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão pela trama golpista. No mesmo plenário virtual da Primeira Turma, Flávio Dino também registrou voto pela rejeição dos embargos do ex-presidente e dos demais integrantes do núcleo crucial, alinhando-se integralmente ao relator.

Além de Bolsonaro, tiveram os recursos rejeitados os réus Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Todos foram condenados por integrar a estrutura que tentou manter Bolsonaro no poder após a derrota nas urnas de 2022. O julgamento ocorre no sistema eletrônico, e os ministros têm até a próxima sexta para registrar seus votos.

Os embargos de declaração são usados para apontar supostas omissões ou contradições no acórdão, mas Moraes afirmou que isso não ocorreu. Para o relator, a conduta criminosa do ex-presidente foi “amplamente comprovada”, o que torna “inviável” a tese da defesa de que houveram falhas no cálculo da pena ou na análise das provas.

Dino acompanhou esse entendimento, afirmando que os argumentos apresentados “não alteram a robustez do conjunto probatório”.

No voto, Moraes disse que o acórdão “detalha expressamente a existência das circunstâncias judiciais amplamente desfavoráveis ao réu Jair Messias Bolsonaro” e afastou qualquer alegação de contradição. Dino reforçou que a decisão anterior foi “coerente, completa e fundamentada”, sem margem para dúvidas sobre autoria e intenção.

Moraes destacou ainda que os atos de 8 de janeiro foram “mais uma etapa delitiva da organização criminosa armada” que visava restringir o funcionamento dos poderes constitucionais e promover a “tentativa violenta de deposição de governo legitimamente constituído”.  Segundo ele, ficou comprovado que Bolsonaro exerceu “a liderança da organização criminosa armada”, sustentada por uma narrativa falsa de “fraude eleitoral”.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Flávio Dino. Foto: Rosinei Coutinho/STF

A Primeira Turma já havia reconhecido, por 4 votos a 1, que o grupo comandado por Bolsonaro usou estruturas oficiais como Abin e Polícia Federal contra adversários políticos, planejou ataques às instituições e até discutiu o assassinato de autoridades. Dino, ao acompanhar o relator, afirmou que o conjunto de provas revela “uma ação sistemática e organizada”.

Os embargos apresentados pelos réus tentam adiar o trânsito em julgado, mas Mauro Cid foi o único que não recorreu por manter os benefícios da delação premiada. Bolsonaro permanece em prisão domiciliar desde agosto, proibido de usar redes sociais e telefone. Braga Netto está preso desde dezembro do ano passado.

Após a análise dos embargos, as defesas ainda podem apresentar um segundo embargo de declaração ou tentar os embargos infringentes, embora estes só sejam aceitos quando há dois votos pela absolvição, o que não ocorreu. A expectativa no STF é que a fase recursal termine até o fim do ano, abrindo caminho para o início do cumprimento das penas.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.