
Advogados ligados à defesa de Jair Bolsonaro afirmam que o ex-presidente não suportará ficar muito tempo no Complexo Penitenciário da Papuda. Os defensores dizem que ele deve apresentar algum quadro de saúde logo nas primeiras semanas.
“Vai ter um piripaque”, disse um deles à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo. Para o defensor, Alexandre de Moraes acabará obrigado a autorizar a volta ao regime domiciliar. A aposta leva em conta o histórico médico do ex-presidente, que já passou por seis cirurgias no abdômen após a facada, outra para refluxo e desvio de septo, além de quatro procedimentos para tratar obstrução intestinal e erisipela.
A fragilidade física se soma ao impacto psicológico de já estar em prisão domiciliar. Para os advogados, esse conjunto deve pesar quando a Justiça decidir sobre um eventual pedido de retorno para casa. Eles afirmam que é provável que o primeiro pedido seja negado, mas que qualquer indício de piora clínica abrirá caminho para a concessão do benefício.
Nesta semana, Moraes sinalizou que pode determinar o cumprimento da pena na Papuda. Ele enviou sua chefe de gabinete ao presídio para inspecionar a ala onde Bolsonaro ficaria. A visita foi acompanhada pela juíza Leila Cury, responsável pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.

A ida de auxiliares ao local reforçou entre os aliados a expectativa de que o ministro já prepara o terreno para o início do cumprimento de pena no regime fechado. Moraes também votou nesta sexta (6) para negar o recurso da defesa de Bolsonaro contra a condenação por tentativa de golpe de Estado.
O voto dele foi acompanhado por Flávio Dino, faltando apenas as manifestações de Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Luiz Fux, que havia votado pela absolvição no julgamento original, não participará desta fase porque deixou a Primeira Turma.
Integrantes da Polícia Federal, do STF e do próprio entorno do ex-presidente avaliam que Bolsonaro deve passar por um período inicial na prisão antes de qualquer migração para o regime domiciliar. Esse modelo repetiría o caso de Fernando Collor, que cumpriu uma etapa em cela especial antes de obter a prisão domiciliar humanitária.
A leitura entre aliados é que Moraes pode seguir o mesmo roteiro: permitir que Bolsonaro ingresse na Papuda, negar pedidos iniciais de saída e só reconsiderar a situação caso apareçam laudos médicos que indiquem risco concreto. Até lá, o ex-presidente deve enfrentar um período de instabilidade política e jurídica, enquanto aguarda o julgamento final de seus recursos.