Pastor aliado de prefeito tiktoker tinha “contabilidade paralela” de propina; entenda

Atualizado em 7 de novembro de 2025 às 17:06
O pastor Josivaldo Batista e Rodrigo Manga. Foto: Divulgação

A Polícia Federal (PF) apontou a existência de uma suposta contabilidade paralela de propina como um dos motivos para pedir o afastamento do prefeito bolsonarista de Sorocaba (SP_, Rodrigo Manga. As informações foram encontradas com o pastor Josivaldo Batista e sua esposa, Simone Souza, ambos investigados na segunda fase da Operação Copia e Cola, deflagrada na quinta-feira (7).

O casal é ligado à família do prefeito. Simone é irmã da esposa de Manga, Sirlange Rodrigues. De acordo com o inquérito, o celular do pastor continha planilhas com registros de entradas e saídas de valores que, segundo os investigadores, representariam o fluxo de propinas obtidas a partir de contratos públicos.

As anotações seriam usadas para controlar o repasse de dinheiro entre os participantes do esquema. A PF acredita que Josivaldo exercia papel central na movimentação financeira, operando os pagamentos ilícitos.

Com Simone Souza, os agentes encontraram documentos manuscritos e registros eletrônicos que, segundo a PF, funcionavam como uma contabilidade paralela destinada ao controle de pagamentos pessoais e de despesas da família do prefeito.

No material apreendido, havia boletos e comprovantes de pagamentos de condomínio, mensalidade de faculdade da filha de Manga e até gastos relacionados a três cavalos mantidos em um haras do prefeito.

O pastor Josivaldo Batista e sua esposa, Simone Souza. Foto: Divulgação

Um dos trechos da decisão judicial que determinou o afastamento cita que Simone teria pago uma conta de R$ 1.620 a pedido direto de Manga. Os investigadores afirmam que os recursos utilizados teriam origem ilícita e vinham de desvios ligados aos contratos sob suspeita.

Por isso, a pastora foi classificada como “figura ativa na gestão financeira do esquema”. A PF também detectou movimentações atípicas em contas bancárias da entidade religiosa Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, administrada pelo casal.

Segundo o relatório, entre 2021 e 2024, houve 958 depósitos em espécie somando R$ 1,7 milhão. Já as contas pessoais de Josivaldo receberam mais de R$ 2,9 milhões em 2.221 depósitos, também em dinheiro vivo, o que reforçou as suspeitas de lavagem.

Em resposta, o advogado de Rodrigo Manga, Daniel Bialski, afirmou que o afastamento é “temerário” e fruto de “perseguição política”. Segundo ele, a investigação seria “nula e conduzida por autoridade incompetente”, além de não apresentar provas concretas que vinculem o prefeito ao suposto esquema.

O pastor Josivaldo, por sua vez, publicou uma mensagem no Instagram dizendo que um casal forte é aquele que “permanece unido quando a tempestade chega”.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.