
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) assumiu, nos últimos meses, o papel de principal articulador político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ampliou sua atuação pública em defesa do pai e contra o Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento reforçou apostas entre aliados de que ele possa ser o nome escolhido pelo ex-presidente para disputar o Palácio do Planalto em 2026, embora o próprio senador siga afirmando que concorrerá à reeleição no Senado.
A leitura entre integrantes do bolsonarismo, segundo a Folha, é que Jair Bolsonaro, hoje em prisão domiciliar, confia mais em seus filhos do que em outros aliados políticos e gostaria de manter o capital eleitoral dentro da família.
Nesse cenário, Flávio seria considerado o nome mais viável. Auxiliares do ex-presidente relatam que ele tem colocado obstáculos a outras possibilidades, de governadores à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a quem reafirmou que pretende lançar ao Senado pelo Distrito Federal.
Apesar das especulações, Bolsonaro tem enviado sinais ambíguos. Segundo pessoas próximas, em conversas recentes ele chegou a dizer que não quer mais ver membros da família ocupando cargos no Executivo, por considerar que esses postos os tornam mais vulneráveis à “perseguição” do Judiciário.
O ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, na última sexta-feira (7), o STF rejeitou por unanimidade os primeiros recursos da defesa no processo da trama golpista, em que Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão, o que o deixaria fora de qualquer disputa até 2062.
Com a condenação praticamente consolidada, cresce a pressão dentro do campo da direita para que Bolsonaro defina seu sucessor.
O nome mais cotado até agora é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que mantém apoio popular e é visto como uma opção moderada. Interlocutores afirmam, no entanto, que Tarcísio tem se mostrado reticente em entrar na corrida presidencial, dizendo que só o faria se fosse um pedido direto do ex-presidente, algo que ainda não ocorreu.

Enquanto isso, Flávio Bolsonaro se consolidou como o principal elo do pai com o meio político. Ele tem conduzido reuniões, discutido candidaturas e articulado alianças em nome do ex-presidente.
O senador foi escalado para ir aos Estados Unidos e conversar com o irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre a necessidade de “alinhar o discurso” da família. O deputado, que mantém postura mais radical, tem atacado publicamente figuras da direita, incluindo Tarcísio, o que preocupa Jair Bolsonaro.
Aliados afirmam que os irmãos discutiram a sucessão de 2026 e garantiram que estarão juntos na defesa de um mesmo nome. Em meio a essas movimentações, Flávio intensificou suas críticas ao governo Lula (PT) e ao STF.
Se antes defendia uma anistia ampla, “a todos, inclusive a Moraes”, agora tem adotado um tom mais duro, pedindo o impeachment do ministro Alexandre de Moraes e afirmando que o eventual candidato apoiado por Bolsonaro deverá enfrentar o Supremo “se for preciso” para garantir um indulto ao ex-presidente.
O senador tem participado de eventos políticos e buscado manter a presença do pai simbolicamente viva nas agendas públicas. Na última sexta-feira (7), compareceu à posse do novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Wagner Rosário, ex-ministro da CGU, em cerimônia que reuniu aliados bolsonaristas. T
arcísio de Freitas, que discursou no evento, fez um gesto público ao senador: “Flávio, teu pai está presente aqui conosco. Você representa o presidente Jair Bolsonaro, que não está aqui, mas com certeza está muito feliz com a posse do Wagner de Campos Rosário”, disse o governador.
Em publicação nas redes sociais, Flávio escreveu: “Jair Bolsonaro era quem deveria estar na Mesa de Honra comemorando com a gente sua merecida posse no TCE-SP, mas a perseguição implacável, covarde e ilegal não permitiu. Dias melhores virão, para o Brasil e para São Paulo contigo numa missão tão especial. Parabéns pela certeira indicação, Tarcisão!”.
Em videoconferência durante a inauguração da sede regional do PL em Atibaia, o senador voltou a dizer que o pai retornará ao poder. “Podem ter certeza: a gente não vai desistir do nosso Brasil. O presidente Bolsonaro está passando por esse momento de perseguição, mas a gente vai dar uma resposta a cada um que hoje promove essa perseguição implacável e injusta. Porque a gente vai junto subir a rampa em Brasília pela eleição do nosso presidente Bolsonaro”, afirmou.