Casa BNDES na COP30 é inaugurada com festival de cinema, exposição e programação cultural

Atualizado em 8 de novembro de 2025 às 20:20
Inauguração da Casa BNDES na COP30. Foto: Rúbio Marra/BNDES

Originalmente publicado em Agência BNDES de Notícias

Ao longo de 13 dias, festival exibirá mais de 30 títulos que dialogam com os desafios socioambientais contemporâneos

Exposição “Afluentes: caminhos e histórias do Fundo Amazônia” reúne vídeos e fotografias sobre experiências de projetos apoiados

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) inaugurou neste sábado, 8, a Casa BNDES na COP30. Instalada no coração de Belém (PA), no histórico Complexo dos Mercedários, a Casa BNDES vai transformar a região das docas em um epicentro de cultura, cinema e biodiversidade durante a COP30, aberto ao público de 9 a 21 de novembro. Com entrada gratuita, o espaço reunirá uma programação intensa de filmes, exposições, performances e experiências sensoriais que conectam arte, ciência e sustentabilidade.

A inauguração contou com a presença do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, da vice-governadora do Pará, Hanna Ghassam, do reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilmar Pereira da Silva, e da diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou o valor histórico e simbólico do Conjunto dos Mercedários na reabertura do espaço durante a COP30. Segundo ele, o restauro resgata uma parte decisiva da formação territorial da Amazônia e do Brasil.

“O Conjunto dos Mercedários é uma referência única da arquitetura de origem espanhola no Brasil. Ele está ligado à expedição de Pedro Teixeira, que registrou a presença portuguesa e permitiu que, no Tratado de Madri, a Amazônia fosse reconhecida como parte do Brasil. Recuperar este edifício é devolver à cidade uma memória fundamental da história nacional. O BNDES tem muito orgulho desse trabalho e agradece à Universidade Federal do Pará e a todos os que contribuíram para tornar este restauro possível.”

Um dos destaques da Casa BNDES é o CineCOP BNDES, festival que propõe um diálogo entre o cinema e os temas centrais da conferência climática, levando para as telas histórias sobre a floresta, o território e a resistência dos povos da Amazônia e do Brasil.

A principal atração do CineCOP BNDES será a pré-estreia nacional de Tainá e os Guardiões da Amazônia – Em Busca da Flecha Azul, marcada para 13 de novembro. A sessão, para convidados, contará com a presença do elenco e da cantora Fafá de Belém, que empresta sua voz a um dos personagens. Produzida em animação 3D, a nova aventura da heroína amazônica traz Tainá em missão para recuperar a Flecha Azul e se tornar Guardiã da Amazônia. Na jornada, ela se une aos amigos Catu, Pepe e Suri para impedir que um mal ameace a floresta. Com direção de André Pellenz e Rodrigo Gava, o longa reforça valores como amizade, coragem e união entre os povos da floresta — e renova a magia da personagem que marcou gerações.

Aloizio Mercadante. Foto: Rúbio Marra/BNDES

“É emocionante reabrir o Conjunto dos Mercedários, restaurado com recursos da Lei Rouanet pelo BNDES e pela Vale. Durante a COP30, o espaço da Universidade Federal do Pará vai sediar a Casa BNDES, que estará aberta para receber a população de Belém e os visitantes. Teremos a exposição do Fundo Amazônia, experiências imersivas para conhecer a Amazônia, inclusive em realidade virtual, e obras de artistas selecionados para compor a programação da Casa. Convidamos todos a visitar o espaço ao longo das próximas duas semanas”, disse a diretora Sociambiental do BNDES, Tereza Campello.

“Eu quero aqui parabenizar todos os parceiros, parabenizar o BNDES por esse trabalho maravilhoso que foi feito, parabenizar a Universidade Federal. Esse está sendo agora um espaço de cultura, de conhecimento e de formação. E a cidade de Belém, o Estado do Pará, fica muito feliz de ver esse momento que nós estamos vivendo, de resgatar o patrimônio histórico e cultural do nosso estado”, disse a governadora Hanna Ghassan, na cerimônia de abertura.

Cinema e consciência ambiental – Ao longo de 13 dias, o festival exibirá mais de 30 títulos, entre longas, médias e curtas, que exploram temas de ancestralidade, sustentabilidade e justiça social e dialogam com os desafios socioambientais contemporâneos. “O audiovisual é uma das formas mais potentes de conectar pessoas à agenda ambiental. Quando o cinema entra em cena, ele não apenas emociona — ele desperta consciência. O BNDES quer que a COP30 seja também um grande encontro entre cultura, inovação e esperança”, afirmou o presidente do Banco, Aloizio Mercadante.

Diversas sessões contarão com rodas de conversa, com debates com especialistas, artistas e lideranças indígenas. Estão confirmados nomes como Lilian Rahal, Carlos Lisboa Travassos, Carlos Augusto da Silva (Dr. Tijolo), Eduardo Góes Neves, Ricardo Abramovay, Aline Matulja, entre outros.

Entre os filmes estão Brava Gente Brasileira (Lucia Murat), Xingu (Cao Hamburger), O Bem Virá (Uilma Queiroz), Uma História de Amor e Fúria (Luiz Bolognesi e Laís Bodansky), O Veneno está na Mesa (Silvio Tendler), Amazônia Groove (Bruno Murtinho), “Brasil antes de 1.500. A história que você nunca aprendeu” e o recém-lançado Malês, de Antônio Pitanga, sobre a mais importante rebelião urbana de escravizados do Brasil.

Também se destacam Piripkura (2017), de Bruno Jorge, Mariana Oliva e Renata Terra, e Mundurukuyü – A Floresta das Mulheres Peixe (2024), de Aldira Akay, Beka Munduruku e Rylcélia Akay.

Piripkura retrata a comovente luta de dois dos últimos sobreviventes de um povo indígena isolado no Mato Grosso, que vivem em meio à devastação provocada por fazendas e madeireiras. Já Mundurukuyü transporta o público para as margens do Tapajós, onde mitos e vida cotidiana se entrelaçam na aldeia Sawre Muybu.

A mostra incluirá ainda os vencedores da 5ª edição da Mostra Audiovisual do Museu da Pessoa, dedicada ao tema Vidas Indígenas, com filmes digitalizados com financiamento do BNDES.

Premiação da mostra do Museu da Pessoa. Foto: Ali Karakas

Exposição Afluentes e muito mais – A programação da Casa BNDES vai além do cinema. O espaço abrigará a exposição inédita “Afluentes: caminhos e histórias do Fundo Amazônia”, que reúne vídeos e fotografias retratando experiências de projetos apoiados pelo Fundo ao longo de seus 17 anos. A exposição é fruto de uma pesquisa realizada nos últimos meses, percorrendo os nove estados da Amazônia Legal. A pesquisa ouviu e registrou as vozes das pessoas que aplicam os recursos recebidos e transformam dinheiro em sementes e frutos. O percurso de visitação da mostra permite uma vivência dos territórios da Amazônia.

Já no Foyer do Auditório, a mostra “Lendas da Amazônia: Arte e Ancestralidade”, de Nelson Nabiça, apresenta esculturas de personagens como Curupira, Mapinguari e Iara, em um circuito de lendas e guardiões.

No dia 12, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) apresentará o espetáculo “Mulheres da Floresta em Três Atos: Imagem, Som e Cena”, com a peça teatral “Da Luta a Cena Teatral: Quebradeiras de Coco Babaçu te conta” e apresentação do grupo musical “As Encantadeiras”, manifestação cultural com voz e percussão.

A programação inclui ainda mesas de debates, como o painel “Para que a comida não alimente a crise climática”, mediado pela diretora Socioambiental do BNDES, Tereza Campello, com participação dos pesquisadores Ricardo Galvão, Arilson Favareto e Ricardo Abramovay. O painel marca também o lançamento do livro “Caminhos para a transição do sistema agroalimentar”, organizado por Abramovay e Favareto.

Realidade virtual e experiências sensoriais – A Casa BNDES também convida o público a mergulhar em experiências sensoriais por meio de projeções na fachada do prédio histórico e filmes em realidade virtual. No Jardim Central, o público poderá vivenciar a Experiência VR Amazônia Viva, primeiro filme de realidade virtual do cineasta Estêvão Ciavatta, que oferece uma jornada em 360° pelas margens do Rio Tapajós, guiada pela cacica Raquel Tupinambá. O curta, eleito melhor filme no Festival Planeta (Barcelona, 2023), mostra como a tecnologia pode aproximar o público da floresta e de suas lideranças. Já na Experiência VR Caatinga, o visitante percorre o bioma brasileiro e descobre como a resiliência e a sabedoria popular transformam a aridez em poesia e vida.

O Complexo dos Mercedários será palco ainda da experiência “Casa das Luzes”, que iluminará a fachada do prédio histórico com projeções mapeadas que celebram a biodiversidade e a cultura amazônica.

Complexo dos Mercedários. Foto: Divulgação/BNDES

Um patrimônio restaurado para a cultura amazônica – A Casa BNDES ocupará durante a COP 30 um dos conjuntos arquitetônicos mais emblemáticos do centro histórico de Belém. O Complexo dos Mercedários está em processo de restauração pela iniciativa “BNDES Resgatando a História”, que apoia a recuperação do patrimônio histórico material, imaterial e de acervos memoriais de todo o país.

A restauração é uma das diversas obras em Belém apoiadas pelo BNDES no processo de preparação para a COP30. O investimento total é de R$ 49,4 milhões, sendo R$ 36,3 milhões em recursos não reembolsáveis do BNDES Fundo Cultural, com apoio da UFPA, do Instituto Cultural Vale e da Fapespa (Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa do Pará).

Segundo o reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, a Casa BNDES, no Conjunto dos Mercadores, se consolida como um espaço que vai operar como laboratório e referência em restauro no centro histórico.

“Queremos, como universidade, construir um centro de pesquisa que sirva ao restauro de todo o nosso centro histórico. Ao restaurar este espaço e ver outros ganharem forma, buscamos ampliar e compartilhar nosso conhecimento para recuperar o centro histórico, que é nosso patrimônio e nossa identidade.”

Construído originalmente em 1640 e refeito em 1748, o complexo congrega a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e o antigo Convento dos Mercedários, hoje a unidade Mercedários da UFPA. A inauguração completa do conjunto está prevista para 2027.

“A Casa BNDES foi idealizada como um ponto de encontro entre a COP30 e a população de Belém. Mesmo quem não participa das negociações oficiais poderá viver essa experiência cultural e se aproximar das discussões ambientais de forma sensível e acessível”, afirma Marina Moreira da Gama, superintendente da Área de Relacionamento, Marketing e Cultura do BNDES.

Além das atividades acadêmicas e científicas já em andamento no Mercedários, o espaço abrigará a nova Galeria de Arte da UFPA (GAU), uma livraria da Editora da UFPA, o Museu de Ciências do Patrimônio Cultural, um projeto de ensino da Escola de Música da UFPA, e um novo auditório com capacidade para 175 pessoas.