
Um relatório confidencial da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro revela que o Comando Vermelho controla 70 dos 92 municípios fluminenses, o que representa cerca de 76% do território do estado. Com informações do Globo.
De um universo de 1.648 locais mapeados como comunidades com atuação criminosa estruturada, 1.036 (62,8%) são atribuídos ao Comando Vermelho; 340 (20,6%) ao Terceiro Comando Puro; 229 (13,9%) às milícias; e 43 (2,6%) ao Amigos dos Amigos (ADA).
No município da capital fluminense, em operações deflagradas em 28 de outubro, as forças policiais enfrentaram forte resistência: ônibus foram usados como barricadas, a saída e entrada de moradores foi cerceada e tiroteios se estenderam para o asfalto.

O relatório explica que o Comando Vermelho mudou sua estratégia: o tráfico de drogas representaria entre 10% e 15% do faturamento da facção, que passou a explorar gás, luz, água, internet, transporte alternativo e extorsão nos territórios dominados.
Empresas privadas relatam efeitos diretos da expansão dessa facção. Em uma cidade do Leste Fluminense, um provedor de internet perdeu assinantes de 90% para cerca de 30% da cobertura, atribuindo isso à atuação de “provedores ligados diretamente ao Comando Vermelho”.
Moradores de bairros vizinhos a comunidades dominadas relatam desvalorização de imóveis e a imposição de serviços pela facção fora das favelas — como ocorreu no bairro de alto padrão do Itanhangá, segundo relatos.
O secretário da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro afirma que o fim de políticas como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) favoreceu o espalhamento das facções pelo interior do estado, intensificando o controle territorial da facção. Apesar da escala da missão policial, autoridades mantêm que é possível retomar os territórios com inteligência, estratégia e articulação entre as forças de segurança.