
O tema da redação do Enem 2025 será Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira, segundo anúncio do ministro da Educação, Camilo Santana. A escolha mantém a linha de temas sociais já adotada em anos anteriores e foca em uma parcela crescente da população.
Em matéria do G1, especialistas avaliaram que o recorte permite abordagens amplas, mas exige atenção ao sentido do termo perspectivas, que pede análise crítica.
Dani Toffoli, professora do Curso Anglo, afirma que o uso da palavra pode confundir quem esperava algo semelhante aos últimos anos, marcados por propostas centradas em desafios. Ela alerta que muitos estudantes tendem a interpretar perspectivas como visão positiva, o que foge do padrão do Enem, que costuma exigir problematização antes de soluções.
Rayane Roale, da plataforma Redação Nota 1000, lembra que a discussão se alinha a temas recentes de outras avaliações, como a PND, que tratou do idadismo. Para ela, a familiaridade do público com o assunto torna o nível de dificuldade moderado, já que as transformações do envelhecimento estão presentes no cotidiano e no debate público.
O professor Ademar Celedônio, do SAS Plataforma de Educação, destaca que o acesso à coletânea ainda será determinante para definir o caminho de argumentação. Segundo ele, a banca pode direcionar o foco para a longevidade, para a participação social ou para os efeitos do idadismo, problema crescente nas relações de trabalho e na vida cotidiana.

Na análise de Celedônio, o país precisa reposicionar a velhice como fase ativa da cidadania, o que envolve políticas intersetoriais e mudança cultural. A desigualdade no acesso a cuidados, serviços públicos e oportunidades continua a limitar a autonomia da população mais velha.
A professora Tanay Gonçalves, da plataforma Professor Ferretto, ressalta que o tema dialoga com a ideia de invisibilidade, recorrente no Enem. Ela aponta que o etarismo é um eixo central e que o estudante deve evidenciar falhas estruturais, já que o envelhecimento no Brasil ainda é marcado por preconceitos e estigmas.
Ravena Srur, da Plataforma AZ, sugere que a questão previdenciária pode aparecer como ponto relevante. Para ela, a insegurança das gerações mais jovens em relação ao próprio futuro torna o tema atual e crítico, reforçando a necessidade de discutir sustentabilidade do sistema e qualidade de vida na velhice.
Para repertório sociocultural, a autora Mara Coura Linhares destaca a Agenda 2030 da ONU, que prevê envelhecimento saudável como meta global. Ela também cita o filme Um Senhor Estagiário, que mostra desafios e reinvenções de um idoso ao retornar ao mercado de trabalho, recurso frequentemente usado por estudantes para sustentar argumentos.