
A possibilidade de um ataque militar dos Estados Unidos à Venezuela é considerada “altamente provável” por fontes diplomáticas ouvidas em Washington. Segundo esses interlocutores, dois fatores alimentam a leitura de que o presidente Donald Trump pode autorizar uma ofensiva: a movimentação do porta-aviões USS Gerald R. Ford, o mais avançado da Marinha americana, e o custo elevado da operação, difícil de justificar politicamente sem uma ação concreta. O navio já cruzou o Estreito de Gibraltar e deve alcançar o Caribe nos próximos dias. As informações são do Globo.
A presença militar americana na região é tratada como inédita por diplomatas consultados. Eles apontam que Trump, diferentemente de seu secretário de Estado Marco Rubio, não coloca a mudança de regime como prioridade. O objetivo seria realizar um ataque pontual que ofereça ao público americano a imagem de firmeza no combate ao narcotráfico, tema central da campanha presidencial. A natureza do alvo ainda é incerta, mas laboratórios de drogas, aeronaves usadas para transporte ou instalações ligadas ao tráfico estão no radar.

Para essas fontes, um ataque externo poderia desencadear efeitos imprevisíveis dentro da Venezuela. Militares chavistas e aliados estrangeiros presentes no país — incluindo cubanos, russos e iranianos — poderiam pressionar pela saída de Nicolás Maduro sem necessariamente alterar a estrutura do regime. Se Maduro resistir, afirmam os diplomatas, a oposição enfrentará um ambiente ainda mais hostil, marcado por repressão ampliada, fortalecimento de grupos armados como o Exército de Libertação Nacional (ELN) e risco de caos civil.
O impacto regional também preocupa. A Colômbia, governada por Gustavo Petro, poderia sofrer desdobramentos diretos caso o conflito evolua, seja pela instabilidade na fronteira, seja pelo avanço de guerrilhas. O governo Trump sustenta a narrativa de que o fentanil e outras drogas que chegam aos EUA têm origem em países como México, Venezuela e Colômbia, justificando operações externas como resposta à crise de overdose no país.
Diplomatas em Washington afirmam ainda que Trump busca repetir a lógica da operação realizada em junho contra o Irã, quando os EUA atacaram instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan. O modelo seria o mesmo: uma ação rápida, de entrada e saída, sem se envolver em uma guerra prolongada. “Trump não quer ficar preso na Venezuela”, sintetizou uma fonte.
Nesse contexto, a Cúpula Celac-UE, realizada na Colômbia, tem sido tratada com indiferença em Washington. Avalia-se que o Brasil perdeu protagonismo regional e que o presidente Lula não conseguiu influenciar a situação venezuelana. Diplomatas consultados são categóricos ao afirmar que os governos latino-americanos “chegaram tarde demais” para evitar a escalada atual.