Porta-aviões no Caribe eleva alerta para ofensiva de Trump contra Venezuela

Atualizado em 9 de novembro de 2025 às 17:48
O USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões do mundo, enviado ao Caribe

A possibilidade de um ataque militar dos Estados Unidos à Venezuela é considerada “altamente provável” por fontes diplomáticas ouvidas em Washington. Segundo esses interlocutores, dois fatores alimentam a leitura de que o presidente Donald Trump pode autorizar uma ofensiva: a movimentação do porta-aviões USS Gerald R. Ford, o mais avançado da Marinha americana, e o custo elevado da operação, difícil de justificar politicamente sem uma ação concreta. O navio já cruzou o Estreito de Gibraltar e deve alcançar o Caribe nos próximos dias. As informações são do Globo.

A presença militar americana na região é tratada como inédita por diplomatas consultados. Eles apontam que Trump, diferentemente de seu secretário de Estado Marco Rubio, não coloca a mudança de regime como prioridade. O objetivo seria realizar um ataque pontual que ofereça ao público americano a imagem de firmeza no combate ao narcotráfico, tema central da campanha presidencial. A natureza do alvo ainda é incerta, mas laboratórios de drogas, aeronaves usadas para transporte ou instalações ligadas ao tráfico estão no radar.

presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sério, sem olhar para a câmera
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – Reprodução

Para essas fontes, um ataque externo poderia desencadear efeitos imprevisíveis dentro da Venezuela. Militares chavistas e aliados estrangeiros presentes no país — incluindo cubanos, russos e iranianos — poderiam pressionar pela saída de Nicolás Maduro sem necessariamente alterar a estrutura do regime. Se Maduro resistir, afirmam os diplomatas, a oposição enfrentará um ambiente ainda mais hostil, marcado por repressão ampliada, fortalecimento de grupos armados como o Exército de Libertação Nacional (ELN) e risco de caos civil.

O impacto regional também preocupa. A Colômbia, governada por Gustavo Petro, poderia sofrer desdobramentos diretos caso o conflito evolua, seja pela instabilidade na fronteira, seja pelo avanço de guerrilhas. O governo Trump sustenta a narrativa de que o fentanil e outras drogas que chegam aos EUA têm origem em países como México, Venezuela e Colômbia, justificando operações externas como resposta à crise de overdose no país.

Diplomatas em Washington afirmam ainda que Trump busca repetir a lógica da operação realizada em junho contra o Irã, quando os EUA atacaram instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan. O modelo seria o mesmo: uma ação rápida, de entrada e saída, sem se envolver em uma guerra prolongada. “Trump não quer ficar preso na Venezuela”, sintetizou uma fonte.

Nesse contexto, a Cúpula Celac-UE, realizada na Colômbia, tem sido tratada com indiferença em Washington. Avalia-se que o Brasil perdeu protagonismo regional e que o presidente Lula não conseguiu influenciar a situação venezuelana. Diplomatas consultados são categóricos ao afirmar que os governos latino-americanos “chegaram tarde demais” para evitar a escalada atual.