Trump acusa governo Lula de derrubar árvores para abrir “estrada para ambientalistas”

Atualizado em 9 de novembro de 2025 às 23:42
Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar o Brasil neste domingo (9) em uma publicação feita em sua rede social, a Truth Social. O republicano afirmou que “a Amazônia do Brasil foi destruída para a construção de uma estrada de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar”, acrescentando que o caso “se tornou um grande escândalo”.

A postagem de Trump inclui um vídeo da emissora estadunidense Fox News, cujo correspondente está em Belém (PA) para cobrir a COP30. Na reportagem, âncora e repórter criticam o governo brasileiro por supostamente priorizar obras em detrimento da preservação ambiental.

“A ministra do Clima e Meio Ambiente, Marina Silva, se gabou de cortar milhares de árvores para a construção desta estrada de quatro faixas para a COP30, para mostrar como [o governo brasileiro] está cuidando da floresta”, diz o vídeo.

A declaração provocou reação imediata do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), que rebateu as acusações nas redes sociais.

“Em vez de falar de estradas, o presidente norte-americano deveria apontar caminhos contra as mudanças climáticas. Poderia celebrar a redução histórica no desmatamento da Amazônia — com destaque para o estado do Pará, que obteve o seu melhor resultado. Ou, no mínimo, seguir o exemplo do Governo do Brasil e investir mais de US$ 1 bilhão para salvar florestas no mundo. Ainda dá tempo de passar na COP30, presidente Trump. Esperamos você com um tacacá. É melhor agir do que postar”, afirmou.

O Palácio do Planalto, por sua vez, evitou entrar na polêmica. Em nota oficial, o governo esclareceu que a obra citada por Trump não é de responsabilidade da União.

“A Secretaria Extraordinária para a COP30, vinculada à Casa Civil da Presidência da República do Brasil, esclarece que a obra para construção da rodovia Avenida Liberdade, em Belém, Pará, não é de responsabilidade do governo federal e não faz parte do escopo de obras de infraestrutura para a realização da COP30”, informou.

O governo do Pará também se pronunciou sobre o assunto. Em resposta à CNN Brasil, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seinfra) afirmou que o projeto da Avenida Liberdade segue o traçado de um linhão de energia onde a vegetação já havia sido suprimida, o que reduz o seu impacto ambiental.

Segundo o órgão, a intervenção tem como objetivo melhorar a mobilidade urbana e reduzir as emissões de carbono. “O projeto reduz o tempo de deslocamento e evita a emissão de 17,7 mil toneladas de CO₂ por ano”, disse a Seinfra.

A secretaria acrescentou ainda que a obra possui licença ambiental e cumpre 57 condicionantes sociais e ambientais, incluindo 37 passagens de fauna para garantir o deslocamento seguro das espécies locais. O projeto também prevê ciclovia, sistema de iluminação com energia solar e medidas de compensação ambiental.

O episódio ocorre em meio à preparação final para a Cúpula dos Chefes de Estado da COP30, que será realizada em Belém em novembro de 2025. A capital paraense vem passando por uma série de obras de mobilidade, saneamento e infraestrutura para receber delegações de mais de 190 países.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.