
Gavin Newsom, governador da Califórnia (EUA), participou nesta segunda (10) de um simpósio em São Paulo sobre mercados e sustentabilidade, organizado pelo Milken Institute. Democrata e crítico de Donald Trump, ele chegou ao Brasil para acompanhar eventos ligados à COP30. Durante sua fala, reclamou da ausência de representantes do governo americano na conferência.
Segundo Newsom, a postura de Washington representa um retrocesso. “Estou aqui (no Brasil) por conta da ausência de qualquer liderança do governo dos EUA, é um vácuo. É de deixar o queixo caído. Nem um representante, nem um espectador para tomar notas foi levado a Belém. Isso é uma reversão completa do progresso feito pelo governo Biden”.
Ele afirmou que a falta de empenho federal compromete avanços em políticas ambientais. No simpósio, o governador classificou a crise climática como alvo de disputas políticas.
“É uma guerra ideológica a nível federal [na questão ambiental]. São interesses, siga o dinheiro. Estamos dobrando a aposta na estupidez nos EUA, mas não no estado da Califórnia.” Para ele, estados e grandes economias regionais precisam agir diante da paralisia nacional.
Newsom também direcionou críticas diretamente a Trump. Ele disse estar perplexo com a postura do governo americano. “Eu tenho 4 filhos, não sei que droga está acontecendo no meu país. Nenhuma pessoa do governo americano para mostrar respeito a vocês. Esqueça a política, é um desrespeito”.
🇧🇷🇺🇸 Em visita a São Paulo, Gavin Newsom elogia a democracia brasileira, afirma que os EUA é um dos grandes parceiros comerciais do Brasil e critica as tarifas de 50% impostas por Trump pic.twitter.com/bDNRqukuhE
— Guilherme Bortolotti (@gcb_019) November 10, 2025
O governador lembrou a relevância da relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos: “Estamos no Brasil, um dos nossos maiores parceiros comerciais e uma das grandes democracias do mundo. Tanta terra rara aqui, mas em vez disso dedo do meio com tarifas de 50%. É vergonhoso”.
As críticas surgem em meio à repercussão de postagens feitas por Trump no domingo. O presidente afirmou que o Brasil “devastou a floresta” para construir a Avenida Liberdade, uma via no Pará que, segundo ele, teria ligação com a COP30. “Devastaram a floresta do Brasil para construir uma rodovia de quatro pistas para ambientalistas. Virou um grande escândalo”, escreveu.

O governo brasileiro rebateu imediatamente. Autoridades afirmaram que a obra não tem relação direta com a conferência. O governador do Pará, Helder Barbalho, respondeu publicamente ao presidente americano, afirmando que Trump poderia contribuir mais para a proteção ambiental com ações concretas.
Barbalho publicou que Trump deveria “seguir o exemplo do Governo do Brasil e investir mais de R$ 1 bilhão para salvar florestas no mundo”: “Ainda dá tempo de passar na COP 30, presidente Trump. Esperamos você com um tacacá. É melhor agir do que postar.”