Trump ameaça BBC com processo de R$ 5,3 bi por edição de documentário

Atualizado em 10 de novembro de 2025 às 22:04
Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou processar a BBC por uma suposta edição enganosa de um documentário exibido antes da eleição presidencial americana. Em carta enviada à emissora, seus advogados exigem uma indenização de pelo menos US$ 1 bilhão e pedem que o programa seja retirado do ar até o dia 14 de novembro. A reportagem é assinada por Brian Stelter, da CNN.

Segundo a agência Reuters, a equipe jurídica de Trump acusa a BBC de ter alterado trechos de um discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão do Capitólio, de forma a sugerir que o então presidente incitava o ato. O documentário teria unido declarações distintas, criando a impressão de que Trump incentivava manifestantes a marchar “e lutar com todas as forças” até o Congresso.

Em resposta, um porta-voz da BBC afirmou que a emissora “analisará a carta e responderá diretamente em tempo oportuno”. O presidente da empresa, Samir Shah, divulgou nesta segunda-feira (10) um pedido de desculpas pelo “erro de julgamento” na edição, enquanto o diretor-geral, Tim Davie, e a chefe de notícias, Deborah Turness, apresentaram suas renúncias no domingo (9).

Sede da BBC em Londres. — Foto: Reuters

Trump já enviou outras cartas legais a veículos de imprensa durante seu mandato, incluindo a CNN, o Wall Street Journal e o New York Times. Parte dessas ameaças não resultou em processos, mas algumas ações ainda tramitam nos Estados Unidos.

O advogado do presidente afirmou que a BBC “difamou Donald Trump ao editar intencionalmente e de forma enganosa o documentário, tentando interferir na eleição presidencial”. Segundo o texto, a suposta manipulação teria causado “danos financeiros e de reputação imensuráveis” ao chefe de Estado.

Não há indícios de que a edição tenha sido motivada politicamente. O caso ganhou repercussão após o jornal Telegraph publicar um relatório interno da BBC que confirmava a edição inadequada. A emissora reconheceu que “a forma como o discurso foi editado deu a impressão de um apelo direto à violência”. O episódio levou à crise interna que culminou nas renúncias da alta direção da emissora britânica.