Moraes manda suspender inquérito sobre retirada de corpos após chacina no Rio

Atualizado em 10 de novembro de 2025 às 19:15
O ministro Alexandre de Moraes ao lado do governador Cláudio Castro e do coronel Menezes, da PM. Foto: Divulgação

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (10) a suspensão imediata do inquérito aberto pela Polícia Civil do Rio de Janeiro que investigava as famílias e moradores responsáveis por retirar corpos da mata após a operação policial mais letal da história do país.

A decisão foi motivada por indícios de abuso e irregularidades nas investigações conduzidas pela corporação. O delegado responsável pelo inquérito tem 48 horas para apresentar esclarecimentos ao Supremo.

Em nota, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o despacho. Segundo relatos de moradores, dezenas de corpos foram retirados por familiares e levados até as vias públicas depois que o acesso às equipes médicas e funerárias foi impedido durante a ação policial.

Após a operação, o chefe da Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou que as famílias poderiam ser investigadas por “fraude processual”, alegando que a retirada dos corpos teria alterado a cena do crime.

No entanto, mais de 70 cadáveres foram localizados pelos próprios moradores em áreas de mata densa, o que levantou críticas de organizações de direitos humanos sobre a condução da operação e a atuação das forças de segurança.

Corpos recolhidos na mata foram deixados por moradores em uma praça na entrada da Vila Cruzeiro. Foto: Divulgação

Na decisão, Moraes determinou ainda que o governo do Rio preserve todas as imagens captadas pelas câmeras corporais dos policiais envolvidos na ação. A administração de Cláudio Castro também deverá encaminhar à Corte cópias dos laudos necroscópicos e relatórios de inteligência que embasaram a operação, que tinha como alvo 51 suspeitos com mandados de prisão.

O ministro estendeu a ordem ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que deve enviar a lista completa das pessoas presas durante a operação, especificando quais delas eram alvo de mandados e quais não estavam na lista inicial.

Também deverão ser encaminhados os resultados das audiências de custódia e dos mandados de busca e apreensão efetivamente cumpridos. A Defensoria Pública do Estado foi igualmente acionada por Moraes.

O órgão deverá informar se as famílias das vítimas estão tendo acesso integral às provas e se estão recebendo o acompanhamento jurídico e psicológico necessário. A operação, realizada nos complexos do Alemão e da Penha, deixou mais de 100 mortos, incluindo quatro policiais.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.