
A Polícia Federal divulgou uma nota em que manifesta preocupação com as mudanças feitas pelo deputado Guilherme Derrite no relatório do PL Antifacção. Para a corporação, as alterações reduzem a capacidade de investigação e representam um retrocesso no enfrentamento de crimes como corrupção, tráfico de drogas, desvios de recursos públicos e tráfico de pessoas.
Segundo a PF, o texto em discussão ameaça o objetivo de fortalecer o combate às organizações criminosas. A corporação afirma que as mudanças criam barreiras operacionais e permitem interferência de governos estaduais, o que poderia limitar operações e enfraquecer a atuação federal contra facções.
O relatório apresentado por Derrite altera pontos centrais da proposta enviada pelo governo. O texto original criava um novo tipo penal específico para facções, enquanto o substitutivo do deputado passa a tratar parte dessas condutas dentro da Lei Antiterrorismo, movimento que tem gerado críticas de especialistas e de órgãos de segurança.

A PF também destacou que continuará defendendo suas atribuições constitucionais e sua autonomia funcional. Para a corporação, as mudanças estruturais discutidas no Congresso podem restringir investigações e prejudicar a estratégia nacional de combate ao crime organizado.
A reação levou o presidente da Câmara, Hugo Motta, a intermediar uma conversa entre Derrite e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. A ideia, segundo Motta, é garantir que a corporação não perca prerrogativas nas investigações federais.
Derrite sustenta que corrigiu fragilidades do projeto original e defende medidas mais rígidas, como maior rigor penal e monitoramento de parlatórios. As negociações seguem na Câmara, com divergências abertas entre governo, PF e o grupo político do deputado.