Bolsonaro abandona Malafaia e arruma novo guru evangélico

Atualizado em 11 de novembro de 2025 às 17:19
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia. Foto: Divulgação

O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu, na quinta-feira 30 de outubro, o bispo Robson Rodovalho, fundador da igreja Sara Nossa Terra, em sua casa em Brasília. O encontro foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia imposto restrições semelhantes em agosto, quando proibiu o líder de extrema-direita de manter contato com o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

A visita marca uma reaproximação entre o ex-presidente e parte da liderança evangélica, após meses de isolamento político. Durante o encontro, Rodovalho fez orações e leu trechos da Bíblia com Bolsonaro, que relatou estar enfrentando novas crises de soluço e noites mal dormidas.

A conversa também abordou a sucessão presidencial de 2026 e o impasse sobre a escolha de um nome da direita para enfrentar Lula. “Ele está desanimado, não sabe nem se poderá gravar vídeos durante a campanha. Pelo visto, irá mesmo para um regime fechado neste primeiro momento, embora ainda mantenha uma expectativa com relação ao projeto da anistia. É quase uma espécie de último cartucho”, afirmou o bispo.

Rodovalho criticou o conselho dado por Malafaia a Bolsonaro para adiar a indicação de um candidato. “Não se ganha eleição na improvisação, mas sim com planejamento. Quanto mais demora a ter a escolha do candidato, mais esse nome demora a correr o Brasil. A direita já deu muito subsídio para a esquerda com a nossa divisão. E Jesus ensinou: ‘Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá’.”

Jair Bolsonaro e o bispo Robson Rodovalho. Foto: Divulgação

Para o fundador da Sara Nossa Terra, o governador Tarcísio ainda é o nome mais preparado para disputar a presidência, embora veja o político paulista mais reticente. “Pelo que entendo hoje, a candidatura Tarcísio refluiu. Não sei se ele realmente tirou o nome ou é transitório. Mas mesmo com o PT e o Lula sendo muito profissionais quando o assunto é eleição, Tarcísio segue sendo o que tem mais chance”, avaliou.

O bispo revelou ter saído do encontro defendendo a chapa “Tarcísio e Michelle (Bolsonaro)” para 2026. “Ela vai trazer musculatura com o povão. Ele, os moderados do centro”, resumiu. O nome, porém, é rejeitado por parte do Centrão, que busca uma alternativa com maior potencial de conciliação entre diferentes alas da direita.

Rodovalho também admitiu estar colaborando com a formulação de uma frente conservadora, mas fez críticas à forma como parte das igrejas se envolveu nas campanhas passadas. “A igreja se tornou a base da campanha de 2018 e 2022, e isso não foi bom. Num culto as pessoas não estão lá para ouvir sobre política, mas escutar orações. Pastor não pode ser um militante no púlpito”, disse.

Questionado sobre o papel de Silas Malafaia, o bispo afirmou que, embora reconheça sua força, ele não representa unanimidade entre os fiéis. “Faz a contribuição dele de maneira veemente, é capaz de debater de maneira forte até se o fiel deve ou não usar bigode. Tem gente que gosta, mas de fato não é unanimidade.”

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.