
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), protagonizou um embate acalorado com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), durante uma reunião de líderes partidários nesta terça (11). A discussão ocorreu em meio à polêmica sobre o parecer do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) no projeto de lei antifacção, proposto pelo governo Lula.
Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, a reunião foi realizada para definir a pauta de votações da semana e já começou em clima tenso. Motta vinha sendo criticado por setores do governo e por especialistas em segurança por ter indicado Derrite, ex-secretário de Segurança de São Paulo e deputado de oposição, como relator da proposta.
Uma das críticas mais duras partiu de Lindbergh, que afirmou que Motta havia cometido um “furto com abuso de confiança” contra o presidente Lula ao permitir que um opositor alterasse uma proposta central do governo.
O petista também apelidou o parecer de Derrite de “PEC da Blindagem 2.0”, em referência a supostos dispositivos que protegeriam agentes de segurança de responsabilização judicial. Ao responder, Motta bateu na mesa, elevou o tom de voz e afirmou que a prerrogativa de escolher relatores é exclusiva da Presidência da Câmara.

“Não é bravata ou campanha de difamação em redes sociais que vai me intimidar ou fazer recuar”, disse. Em seguida, defendeu sua decisão: “A indicação foi técnica. Derrite estuda segurança pública há mais de 20 anos. O projeto é técnico, não político”.
Motta rejeitou as acusações de desonestidade e acrescentou: “Até quando eu erro, erro com boas intenções”. Ele também destacou que o relatório de Derrite ainda pode receber sugestões e alterações de todos os partidos, numa tentativa de reduzir o desgaste com a base governista.
Lindbergh, no entanto, manteve as críticas. Disse que a oposição tenta “se apropriar” da proposta e que Derrite “desmontou o projeto do governo”, ao limitar o papel da Polícia Federal no combate ao crime organizado. Após forte reação, Derrite recuou e retirou a restrição à atuação da corporação.
A tensão em torno da tramitação do projeto acabou estremecendo a relação entre Motta e o governo Lula. Nos bastidores, ministros já iniciaram conversas com o presidente da Câmara para conter o atrito e evitar que a crise política comprometa o avanço da pauta de segurança pública no Congresso.