
A tentativa de Flávio Bolsonaro de desmoralizar o procurador-geral da República, Paulo Gonet, durante sua sabatina no Senado acabou tendo efeito contrário. O senador afirmou que o Ministério Público Federal (MPF) “tem vergonha” do chefe da instituição, mas a fala provocou uma reação imediata: procuradores saíram em massa em defesa do procurador, reforçando o apoio à sua recondução ao cargo.
Durante a sessão, Flávio elevou o tom contra o procurador. “Os membros do Ministério Público devem ter vergonha do senhor hoje, muita vergonha”, disse o parlamentar. Ele ainda acusou Gonet de “perseguir” aliados bolsonaristas enquanto atuava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
As críticas foram recebidas em silêncio por Gonet, que fez anotações durante o discurso do senador. Quando teve a palavra, respondeu de forma serena, mas firme. O procurador-geral afirmou que tem apoio “integral” da classe e leu uma mensagem enviada por José Schettino, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), entidade que representa mais de 1.100 membros do MPF.
“Parece que não há vergonha da classe em ter o atual procurador-geral à frente da carreira”, rebateu Gonet, citando o texto de Schettino. “Ele me mandou ontem a seguinte mensagem: ‘Chefe, muito boa sorte amanhã na sabatina. Estaremos no Senado o tempo que durar’. Para deixar claro, senador Flávio Bolsonaro, que a classe apoia integralmente a renovação do meu mandato.”
Rapaz! Flávio Bolsonaro quis posar de valente desrespeitando Paulo Gonet, mas terminou do jeito de sempre: envergonhado e desmoralizado. Aprecie! pic.twitter.com/wSNP9eCQvh
— Lázaro Rosa 🇧🇷 (@lazarorosa25) November 12, 2025
A leitura da mensagem foi recebida com aplausos discretos na comissão, e pouco depois a ANPR divulgou nota reafirmando o apoio ao procurador-geral. “A associação aprova integralmente a permanência de Paulo Gonet à frente do Ministério Público Federal”, declarou Schettino.
Mesmo diante da reação, outros parlamentares ligados ao bolsonarismo aproveitaram suas falas para atacar Gonet, alegando que ele teria mantido uma postura “alinhada” ao Supremo Tribunal Federal. As manifestações, porém, ficaram restritas ao campo político e não alteraram o tom geral da sabatina.
Ao fim da sessão, o resultado confirmou o isolamento da ala bolsonarista: o nome de Paulo Gonet foi aprovado por 17 votos a 10, consolidando o apoio do Senado e da categoria à sua permanência no comando do Ministério Público Federal. Nesta mesma quarta-feira (12), o atual PGR foi reconduzido ao cargo pelo Senado.