
A nova leva de e-mails atribuídos ao empresário Jeffrey Epstein, divulgada na quarta-feira, trouxe à tona uma mensagem na qual ele afirma ser o único “capaz de derrubar” o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O conteúdo faz parte de cerca de 20 mil arquivos liberados por deputados americanos e analisados pelo jornal ‘The New York Times’.
Trump aparece citado em diferentes conversas enviadas ou recebidas pelo empresário, especialmente entre 2015 e 2019. Um dos e-mails mais comentados é de dezembro de 2018.
Um contato não identificado envia a Epstein uma mensagem mencionando o então presidente, dizendo: “Isso tudo vai passar! Eles estão mesmo tentando derrubar o Trump e fazendo tudo o que podem para conseguir isso…!”. Na sequência, Epstein responde: “Sim, obrigado. Isso é muito louco. Eu sou o único capaz de derrubá-lo (Trump)”.
Naquele período, o cerco judicial contra Epstein se intensificava; ele seria preso em julho de 2019. Trump e ele foram próximos durante duas décadas, até romperem ainda nos anos 2000.
Em 2018, depois de reportagens do Miami Herald revelarem um acordo extrajudicial que havia beneficiado o empresário anos antes, o Departamento de Justiça ordenou uma investigação criminal.
A medida, vista como tentativa do governo de se afastar do bilionário, pode ter alimentado o ressentimento citado nos e-mails. Os arquivos publicados pelo Congresso também incluem outras mensagens nas quais Epstein menciona Trump.
Em 2015, por exemplo, ao comentar a economia, escreveu que “Trump está amedrontando os mercados, não a China”. Já em janeiro de 2019, Epstein enviou um e-mail afirmando que o atual presidente dos EUA “sabia sobre as garotas” e mencionou uma vítima, cujo nome foi censurado, além de Mar-a-Lago.
Newly surfaced emails between Jeffrey Epstein and his lawyer claiming that Trump spent multiple hours with a victim.
Trump is a pedophile. pic.twitter.com/5ecpBWbGSV
— Trump Tracker (@trackingdonald) November 12, 2025
Outro e-mail divulgado mostra Epstein escrevendo a Ghislaine Maxwell em 2018: “Quero que você perceba que o cachorro que não latiu é Trump”. Na sequência, ele afirma que uma das vítimas “passou horas na minha casa com ele… e ele nunca foi mencionado uma única vez”.
Há ainda mensagens nas quais Epstein discute como deveria responder à imprensa sobre a relação entre os dois. A Casa Branca reagiu rapidamente. Trump classificou a controvérsia como uma “armadilha” criada por democratas.
A porta-voz Karoline Leavitt afirmou que os arquivos mostram que o presidente “não fez nada de errado” e acusou opositores de usarem o material “para difamar Trump”. Apesar disso, a divulgação aumentou a pressão para que todos os documentos ligados ao caso Epstein venham a público.
A Câmara reuniu assinaturas para votar uma moção obrigando o governo a liberar todos os arquivos relacionados ao bilionário, com apoio inclusive de republicanos. Mesmo que o texto avance, deve enfrentar resistência no Senado. Se ainda assim for aprovado, Trump poderia vetá-lo, gesto que teria custo político elevado.
Epstein foi acusado de operar uma rede de exploração sexual que abusou de mais de 250 menores de idade. Ele foi preso em julho de 2019 e morreu um mês depois na prisão, segundo a versão oficial, por suicídio. Os processos contra ele foram encerrados após a morte.