Tarifaço: EUA devem responder proposta do Brasil até a próxima semana, diz Mauro Vieira

Atualizado em 13 de novembro de 2025 às 21:23
O chanceler Mauro Vieira e o Secretário de Estado dos EUA Marco Rubio. Reprodução

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (13) que os Estados Unidos devem responder “amanhã ou na próxima semana” à proposta apresentada pelo governo brasileiro sobre o tarifaço imposto às exportações nacionais. A declaração foi dada após reuniões com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, no Canadá e em Washington ao longo dos últimos dois dias.

Segundo Vieira, a proposta técnica foi entregue no início do mês ao representante comercial da Casa Branca, Jamieson Greer, durante videoconferência que contou com equipes do Itamaraty, Ministério da Fazenda e Ministério da Indústria e Comércio. O documento pede um acordo temporário que suspenda o tarifaço por até três meses enquanto avança a negociação de um entendimento comercial mais amplo.

O chanceler relatou que Rubio informou ter transmitido ao presidente Donald Trump a agenda das conversas com o Brasil. De acordo com Vieira, Trump indicou interesse em “virar a página” do tarifaço e manter um canal de diálogo ativo com o governo brasileiro. O presidente norte-americano também reafirmou intenção de buscar um acordo provisório até o fim deste mês ou início de dezembro.

Vieira afirmou que o encontro desta quinta-feira (13), em Washington, reforçou o interesse do governo norte-americano em tratar pendências bilaterais. A conversa foi seguida de uma reunião ampliada de uma hora com negociadores dos dois países. O ministro destacou que o encontro abordou de forma geral os temas comerciais, sem entrar em detalhamento dos setores afetados pelas sobretaxas.

A reunião ocorreu um dia depois de um breve diálogo de cerca de cinco minutos entre Vieira e Rubio em Niagara-on-the-Lake, no Canadá, à margem do encontro de ministros do G7. Integrantes do governo consideraram a conversa simbólica para manter ativo o canal político entre Brasília e Washington.

O governo brasileiro tem insistido na suspensão temporária do tarifaço, bem como na retirada de sanções aplicadas a autoridades e familiares. Essa posição foi reiterada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em telefonema e no encontro com Trump na Malásia no mês passado.

Nesta semana, Trump disse à emissora Fox News que reduziria tarifas sobre o café, sem detalhar países ou prazos. A fala teve repercussão entre exportadores brasileiros, que buscam incluir o produto na lista de isenção das sobretaxas.

As medidas impostas pelos EUA, anunciadas em julho e em vigor desde agosto, aumentaram em 50% tarifas sobre itens como café, carne, frutas, pescados, suco de laranja e máquinas industriais. Washington justificou as sanções como reação à suposta “perseguição judicial” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mencionando o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

O impacto na balança comercial brasileira foi imediato. Em outubro, terceiro mês da sobretaxa, o déficit com os EUA chegou a US$ 1,7 bilhão. Nos dez primeiros meses de 2025, o saldo negativo acumulado atingiu US$ 6,8 bilhões. Em 2024 inteiro, o déficit havia sido de US$ 234 milhões.

O Brasil tenta ainda evitar novas punições com base na Seção 301 da Lei de Comércio norte-americana, que permite sanções unilaterais. A apuração americana envolve comércio digital, propriedade intelectual, serviços financeiros e o uso do Pix. As tratativas seguirão entre equipes técnicas dos dois países nas próximas semanas.