Velha direita tenta se livrar de Lula sem lamber as botas de Tarcísio. Por Moisés Mendes

Atualizado em 14 de novembro de 2025 às 0:02
Lula e Tarcísio de Freitas se olhando, sérios, sentados lado a lado
Lula e Tarcísio de Freitas – Reprodução

Já virou desespero a tentativa da velha direita de se livrar de Lula, sem ter que recorrer a Tarcísio de Freitas. Mais um pouco e vira meme.

Nessa quinta-feira, o Estadão estampou na capa da versão online a seguinte chamada sobre um dos resultados de pesquisa sobre a corrida à presidência:

“Genial/Quaest: Brasileiros querem que eleito em 2026 não seja ligado nem a Lula, nem a Bolsonaro”.

A chamada dava a entender que a maioria dos brasileiros ouvidos pela pesquisa quer outra opção que não represente o que chamam de polarização.

Mas a leitura do texto desmente a chamada. A notícia informa o seguinte:

“Para 24% dos brasileiros, o melhor resultado para a eleição presidencial de 2026 é a vitória de um nome que não seja ligado nem presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nem ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)”.

De cada quatro brasileiros, um diz que não quer saber de ninguém ligado a Bolsonaro ou Lula. E esses 24% aparecem no jornal como se fossem a maioria.

O título da notícia não foi feito por um editor comum, em posição subalterna em relação às altas chefias da redação. Um editor sem posto de comando não escreveria essa bobagem.

Esse título foi elaborado por um chefete programado para atender à demanda pela busca da terceira via, alguém que apareça mais ao centro ou seja um direitoso aceitável e vire alternativa.

Essa figura não existe, porque Zema, Caiado, Ratinho, Eduardo Leite – todos eles se aproximaram das bases do fascismo. Não são muito diferentes de Bolsonaro e sua família. O que Globo, Folha e Estadão querem é apenas uma miragem que tem pelo menos 23 anos, desde o fim do governo Fernando Henrique.

Entusiasmado com os 24%, Merval Pereira escreveu no Globo: “Direita unida pode vencer em 26”. Merval acha que o povo está desesperado atrás de um candidato fofo. Não está. Quem corre atras desse personagem, imaginário é a Globo, em revezamento com os jornalões.

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Manchete da coluna de Eliane Cantanhêde no Estadão
Manchete da coluna de Eliane Cantanhêde no Estadão – Reprodução

CREDO

Eu não teria sido repórter da Gazeta de Alegrete se escrevesse algo parecido com esse título da coluna de Eliane Cantanhêde no Estadão:

“Escolha de Derrite para relatar PL Antifacção foi um soco no estômago de Lula”

Soco no estômago não deve ser usado nem em jornalzinho de colégio.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/