Sakamoto: com PF indicando roubo de ‘união nacional’ no INSS, CPMI vai assar pizza

Atualizado em 14 de novembro de 2025 às 12:19
Aposentado protegendo sua poupança. Foto: ilustração

Por Leonardo Sakamoto no Uol

A Polícia Federal apontou que o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto recebia propina de R$ 250 mil mensais para proteger a roubalheira dos aposentados feita pela pela Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais). Ele havia sido indicado pelo ministro Carlos Lupi (PDT) para comandar o órgão durante o governo Lula. Foi preso hoje.

Ao mesmo tempo, a PF apontou que José Carlos Oliveira, ex-ministro da Previdência e ex-presidente do INSS no governo Bolsonaro, enviou mensagens de WhatsApp agradecendo o recebimento de propina por ajudar no esquema de desvio de dinheiro dos aposentados. A informação foi trazida por Dani Lima, no UOL. Ele não foi preso, mas decorou a canela com uma tornozeleira eletrônica.

Também foram alvos de busca e apreensão o deputado federal Euclydes Petterson (Republicanos-MG), tido como “herói” por participantes do esquema, o deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA), entre outros. Ainda vai aparecer políticos na investigação, porque a bilionária Previdência é, há décadas, um parque de diversões de larápios.

O deputado federal Euclydes Pettersen (PSC) e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

Quando a CPMI do INSS começou seus trabalhos no Congresso Nacional, estava claro que a comissão iria a reboque das investigações da Polícia Federal, tal como ocorreu com a CPMI dos Atos Golpistas em 2023. Apesar do trabalho diligente e correto de alguns parlamentares, o objetivo principal da oposição era eleitoral, servindo como aríete contra a reeleição de Lula.

Mas com a confirmação de que a pilhagem dos aposentados INSS não teve um único dono, mas foi um projeto de união nacional, com membros do governo Bolsonaro e Lula, e de partidos da direita à esquerda, é difícil imaginar que a CPMI do INSS vá se esforçar para condenar um lado ou outro. Tem rabo preso e lama para muita gente dividir. Por muito menos, a CPI das Bets terminou no “draw”.

Quando todo mundo está envolvido (e, neste caso, pode vir a ser todo mundo mesmo, diferentes governos e partidos), fica mais fácil assar uma pizza. Os pré-candidatos à Presidência em 2026 não participaram da roubalheira, mas gente de seus partidos aliados sim. Eles vão assar esse povo?

Stefanutto usou uma pizzaria para lavar dinheiro, segundo a PF em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal, informação também trazida por Dani Lima. Mais do que piada pronta, é profético. Nada mais coerente com uma CPMI que ainda fará muito barulho, mas pode terminar em meia mussarela, meia calabresa, meio governo, meio oposição.