
O Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, voltou ao centro do debate por ser um dos locais avaliados para receber Jair Bolsonaro, condenado pelo STF a 27 anos e três meses de prisão.
Formado por cinco unidades, o complexo já abrigou nomes de grande repercussão no mensalão e na Lava Jato, como Paulo Maluf, José Dirceu e Luiz Estevão, senador cassado e hoje proprietário do portal Metrópoles. Todos ficaram no Centro de Detenção Provisória, que possui uma ala para presos considerados vulneráveis, onde as celas são maiores, têm beliche, chuveiro, vaso sanitário, quatro refeições diárias e duas horas de banho de sol.
A passagem de Luiz Estevão marcou a história recente da Papuda. Em 2018, uma varredura encontrou itens proibidos, como cafeteira e alimentos importados, além de registros de entrada de documentos e visitas fora do expediente, o que derrubou a cúpula do sistema prisional. O ex-senador respondeu na Justiça pelas regalias e foi condenado pelo STJ por corrupção em 2023.
Estevão conseguiu indulto de suas condenações com base no último decreto de indulto de Natal editado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). A concessão do benefício, segundo ele, “não faz diferença nenhuma” na sua rotina, já que cumpria pena em regime aberto. “Única diferença do indulto é que não preciso chegar em casa meia-noite e esperar 6h para sair. Como não sou disso, não muda nada”, disse.
O @Metropoles teve acesso a imagens da cela na “papudinha” que pode abrigar o ex-presidente Jair Bolsonaro pic.twitter.com/qrYJT6UDLD
— Sam Pancher (@SamPancher) November 11, 2025
Na semana passada, a chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes vistoriou o CDP e o 19º Batalhão da Polícia Militar do DF, a “Papudinha”, apontada como destino mais provável de Bolsonaro. Imagens divulgadas pelo Metrópoles — piada pronta — mostram celas maiores, ventilador, televisão e beliches.
O videomaker Sam Pancher, figura folclórica do X, postou as fotos na rede social, provavelmente obtidas por seu patrão.
Anderson Torres já ficou detido ali. Mesmo assim, PF e governo do DF resistem a recebê-lo. O governador Ibaneis Rocha afirmou que não pode garantir condições de acomodação, e o Executivo local pediu a Moraes que Bolsonaro passe por avaliação médica, solicitação que o ministro só deve analisar após o término da ação.
A Primeira Turma do STF encerra nesta sexta o julgamento do recurso da defesa. Há unanimidade pela manutenção da pena, mas Bolsonaro só deve começar a cumpri-la após o trânsito em julgado. A defesa ainda pode tentar embargos infringentes, que não devem prosperar, já que apenas Luiz Fux votou por absolvê-lo.
Ministros também não descartam que Bolsonaro cumpra pena em regime domiciliar, algo possível diante da idade, das condições de saúde e da prática comum de pedidos de benefícios após o início da execução penal.