
Flávio Bolsonaro (PL-RJ) intensificou nas últimas semanas suas articulações para disputar a Presidência da República em 2026. Segundo dirigentes de partidos que apoiaram Jair Bolsonaro e hoje trabalham pela candidatura de Tarcísio de Freitas, o senador afirmou que pretende entrar na disputa e, nas palavras de um interlocutor, “acha que pode ganhar”.
Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o movimento ganhou força com a proximidade da possibilidade de prisão em regime fechado do ex-presidente. As conversas incluem o irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos e já declarou disposição para enfrentar Tarcísio se necessário, a fim de impedir que o espólio político do pai seja entregue ao governador paulista.
Eduardo relatou ao pai que Tarcísio “só fica vendo você se foder e se aquecendo para 2026”. No mês passado, os dois irmãos se reuniram nos EUA, com participação do jornalista Paulo Figueiredo. Nessa reunião, Flávio recebeu a garantia de “apoio entusiasmado” de Eduardo.
O deputado disse estar disposto a abrir mão de uma eventual candidatura caso o irmão concorra, por vê-lo como representante genuíno do grupo político da família, diferentemente de Tarcísio. Interlocutores afirmam que isso inviabilizaria uma “chapa puro-sangue do Centrão”, tese defendida por aliados de Tarcísio.
Os irmãos devem viajar juntos a El Salvador para um encontro com o presidente Nayib Bukele. Assessores políticos avaliam que Flávio seria mais aceito pelo Centrão e até por ministros do STF, o que lhe daria vantagens relativas sobre uma candidatura de Eduardo. Essa movimentação coloca pressão sobre o projeto eleitoral de Tarcísio, que só entraria na disputa com apoio explícito da família Bolsonaro.

Segundo aliados, sem esse apoio, Tarcísio não pretende enfrentar ataques de Eduardo e de setores bolsonaristas e poderia optar por disputar a reeleição em São Paulo. Um dirigente da extrema-direita estima que as chances de Tarcísio ser candidato eram de 85%, mas caíram para 50% após o avanço de Flávio.
Há quem defenda um acordo em que Tarcísio ceda a vaga de vice a Flávio, o que reduziria o conflito com Eduardo. Essa solução, porém, enfrenta forte resistência no Centrão.
Líderes partidários argumentam que a presença de qualquer Bolsonaro na chapa reduziria o potencial de crescimento eleitoral de Tarcísio, citando índices de rejeição: 60% para Jair Bolsonaro e 67% para Eduardo, segundo a Genial/Quaest. Aliados de Eduardo discordam e afirmam que a rejeição de Tarcísio cairia se ele se alinhasse ao “verdadeiro bolsonarismo”.
Ainda assim, esses apoiadores rejeitam a ideia de Flávio como vice e defendem que “o lógico seria o contrário: Flávio presidente com Tarcísio de vice”. Caso Bolsonaro apoie essa composição, o filho tende a obedecer, mas Eduardo poderia reagir, já que tem autonomia política e protagonizou embates internos registrados em investigações da Polícia Federal.
Há também quem veja espaço para uma chapa com Tarcísio presidente e Michelle Bolsonaro como vice, embora a opção enfrente resistência dos filhos do ex-presidente.