EUA mantêm sobretaxa de 40% e Alckmin cobra nova negociação com Trump

Atualizado em 15 de novembro de 2025 às 14:14
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, em coletiva, neste sábado (15). Foto: Reprodução/GloboNews

Neste sábado (15), o vice-presidente Geraldo Alckmin se pronunciou após a decisão dos Estados Unidos de reduzir tarifas para cerca de 200 produtos. A medida foi anunciada pelo presidente Donald Trump, que manteve, porém, a sobretaxa de 40% aplicada especificamente ao Brasil.

Alckmin afirmou que o corte parcial foi bem recebido pelo governo brasileiro, mas destacou que ainda há desequilíbrios a serem tratados. Segundo ele, a conversa recente entre Lula e Trump, além do diálogo do chanceler Mauro Vieira com o senador Marco Rubio, ajudou a avançar nas negociações.

A nova ordem executiva americana eliminou as tarifas recíprocas de 10% sobre itens como carne bovina, tomate, café, banana, açaí e outras commodities agrícolas. A Casa Branca justificou o movimento como uma tentativa de reduzir custos internos após o mau desempenho republicano nas eleições locais deste mês.

No caso brasileiro, as tarifas recíprocas anunciadas em abril permanecem em 10%, enquanto a sobretaxa de 40%, aplicada em julho e em vigor desde agosto, continua valendo. O alívio concedido pelos EUA não afeta essa cobrança adicional.

O café brasileiro segue como um dos produtos mais atingidos. O Brasil, principal fornecedor da bebida aos EUA, permanece sujeito à tarifa total de 40%. Alckmin disse que o país seguirá negociando a redução dessa alíquota e ressaltou que o suco de laranja teve tarifa zerada na nova decisão.

O vice-presidente lembrou que, antes das mudanças, 23% das exportações brasileiras para os EUA não pagavam tarifas, somando cerca de US$ 40 bilhões. Com a nova medida, esse percentual subiu para 26%. Ainda assim, ele afirmou que persiste uma “distorção”, já que todos os países receberam cortes de 10%, enquanto o Brasil ainda enfrenta a sobretaxa de 40%.

Documentos publicados pelo governo americano afirmam que a revisão tarifária ocorreu devido ao “progresso significativo” em acordos bilaterais estabelecidos por Trump, que, segundo a Casa Branca, ampliam o acesso a mercados e trazem impacto direto à economia doméstica.

Apesar das revisões, Trump afirmou neste sábado que não considera novas reduções necessárias. Questionado sobre isso, Alckmin respondeu que o Brasil continuará disposto a negociar, lembrando que os EUA mantêm superávit na balança comercial bilateral e que o país é “solução, não problema”, em sua avaliação.

Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.