México tem 120 feridos em protesto cujo financiamento segue desconhecido

Atualizado em 16 de novembro de 2025 às 14:41
Manifestantes avançam contra a polícia durante marcha na Cidade do México. — Foto: Marco Ugarte/AP Photo

Os protestos organizados por jovens da Geração Z que ocorreram neste sábado (15), na Cidade do México, deixaram ao menos 120 pessoas feridas. A manifestação, que reuniu milhares de participantes, avançou pela capital até o Palácio Nacional, gerando confrontos diretos entre manifestantes e policiais.

Segundo as autoridades locais, a maioria dos feridos pertence às forças de segurança destacadas para acompanhar o ato. A mobilização, inicialmente pacífica, terminou com 20 detenções por agressões e roubos. O secretário de Segurança, Pablo Vázquez, afirmou que o cenário mudou após a ação de um grupo encapuzado responsável por depredações.

O protesto tinha como objetivo denunciar corrupção, impunidade e a escalada da violência no país. A morte do presidente da Câmara de Uruapan, Carlos Manzo, dias antes, também se tornou um dos motores do movimento juvenil. O líder popular foi morto por um jovem de 17 anos ligado ao crime organizado, fato que ampliou a insatisfação social.

A presidenta Claudia Sheinbaum havia se pronunciado antes da marcha e voltou a comentar após os episódios de violência. Ela declarou que reconhece o direito de manifestação, mas afirmou que a mobilização foi “promovida por grupos da oposição” para manipular a juventude. Para Sheinbaum, é necessário esclarecer quem financiou e organizou o ato.

Apesar da tensão, Sheinbaum mantém altos índices de popularidade. Nos últimos meses, o governo destacou avanços no combate ao tráfico de fentanil, tema central nas relações com os Estados Unidos. Mesmo assim, a percepção de insegurança segue sendo um dos principais fatores de pressão contra sua administração.

A morte de Manzo elevou ainda mais o clima de revolta entre moradores de Michoacán e serviu como catalisador para que jovens de várias cidades se articulassem. O político, de 40 anos, era conhecido pelas ações contra extorsões e pela tentativa de reduzir o poder de cartéis locais. Sua execução foi interpretada pela população como retaliação direta do crime organizado.

Michoacán, um dos estados mais violentos do país, enfrenta há décadas disputas entre cartéis interessados no controle das rotas de produção e transporte de drogas. Essa complexa dinâmica de violência, aliada à sensação de abandono, reforçou a adesão juvenil às manifestações.

Os protestos da Geração Z observados no México refletem uma tendência global de mobilizações lideradas por jovens. Em diferentes países, eles têm se organizado de forma independente, com forte presença digital e participação expressiva em atos contra desigualdade, corrupção e retrocessos democráticos.

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Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.