
A COP30 entra nesta segunda fase decisiva com a chegada de ministros e representantes de alto nível, etapa em que se tenta fechar acordos políticos e resolver os principais impasses das negociações climáticas. Com informações do Uol.
Em Belém, a sessão de abertura contará com discursos do vice-presidente Geraldo Alckmin, de André Corrêa do Lago, presidente da conferência, de Simon Stiell, da UNFCCC, e de Annalena Baerbock, presidente da Assembleia Geral da ONU. É o momento em que os países precisam decidir como tornar concretos os compromissos assumidos desde o Acordo de Paris.
A presidência da COP30 trata esta fase como um teste final. Ao longo da primeira semana, a equipe de André Corrêa do Lago retirou da agenda inicial temas considerados travadores, como metas, financiamento, prestação de contas e medidas comerciais unilaterais. O objetivo era criar espaço para avançar em mais de cem itens técnicos, preparando um texto consensual para análise política nesta etapa.
A transição entre as semanas ocorreu no sábado, durante plenária conjunta da COP, da CMP e da CMA, quando foram apresentados os relatórios dos grupos técnicos.
Os temas excluídos da agenda formal seguem em consultas paralelas e podem formar um pacote político que resulte em uma decisão de capa. Mas o desfecho segue incerto, e as conversas de bastidores se intensificam.
O financiamento climático é o maior ponto de atrito. As propostas para definir o novo objetivo global de financiamento (NCQG) e a prometida triplicação dos recursos para adaptação ainda não convergem. “Agora, vamos aguardar como as partes vão reagir amanhã: prevejo reações fortes”, afirmou Stela Herschmann, do Observatório do Clima.

Para que a COP seja de fato a conferência da implementação, será necessário fechar indicadores de adaptação e consolidar o mapa do caminho para mobilizar ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035. “Isso está no rascunho, está em debate, e vamos ver o que vai acontecer na próxima semana”, disse Karen Oliveira, da TNC.
Especialistas apontam que o clima da negociação é imprevisível. “Será um cabo de guerra entre dois impulsos: o de avançar e o de recuar”, avaliou Natalie Unterstell.
A decisão sobre combustíveis fósseis segue indefinida. Para o Greenpeace, “a questão dos fósseis segue pairando como uma nuvem tóxica sobre qualquer avanço”. A expectativa criada após o discurso de Lula é que a COP entregue um plano concreto para o abandono gradual desses combustíveis.
A condução brasileira tem sido vista como arriscada. Segundo relato da colunista Ana Carolina Amaral, o diplomata Túlio Andrade propôs conversas francas, afastadas do formato rígido de negociação. O método foi bem recebido, mas deixou incertezas sobre como transformar essas discussões em texto final.
Em nota, a presidência da COP30 informou que há “convergência crescente” em temas como aceleração das NDCs, ampliação do financiamento e reformas financeiras internacionais. Onde não há consenso, três trilhas políticas foram apresentadas, incluindo um plano conjunto de implementação e alternativas sobre medidas comerciais e metas pré-2030.
A expectativa é que os ministros decidam, até o fim da semana, se a COP30 conseguirá cumprir a promessa de ser a conferência da implementação.