
O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que a China está entre as grandes apoiadoras da agenda global contra a mudança do clima, ao destacar que o país asiático assumiu protagonismo enquanto os Estados Unidos caminham em direção contrária. Com informações da Agência Brasil.
“Uma coisa muito clara nesta COP é a presença muito forte da China e essa situação curiosa em que nós temos a China como a grande apoiadora dessa nova economia e o governo norte-americano defendendo um retorno a uma economia antiga”, disse em entrevista ao programa Brasil no Mundo.
Ele avaliou que a política climática passou a refletir qual modelo de desenvolvimento comandará a economia global nas próximas décadas.
Corrêa do Lago afirmou que parte do setor político e econômico dos EUA teme perder liderança tecnológica ao desacelerar a transição energética. “Essa diferença de caminhos é uma coisa muito interessante de se observar nesta COP”, afirmou.

“Negacionismo econômico” preocupa
O embaixador também alertou para o que chama de “negacionismo econômico”. “É muito o que defende o secretário de Energia dos EUA [Chris Wright]”, afirmou. Segundo ele, essa visão não nega o impacto humano no clima, mas sugere que o desenvolvimento justificaria priorizar adaptação, e não mitigação.
Corrêa do Lago destacou ainda que tecnologias que substituem combustíveis fósseis “já estão mais baratas”, o que, para ele, torna cada vez mais difícil sustentar esse discurso.
Sobre a ausência do governo norte-americano, ele afirmou que governadores — como o da Califórnia — representam 60% do PIB americano e participaram da COP. Mesmo assim, advertiu: “A ausência mais marcante dos EUA é se persistirem em um direcionamento de voltar para os combustíveis fósseis”.
Fundo Florestas Tropicais para Sempre
Corrêa do Lago também comentou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo Brasil. Chamou o mecanismo de “inovador” e disse que atende simultaneamente à preservação florestal, à biodiversidade e às populações locais.
Como está fora da estrutura formal da COP, o fundo pode receber investimentos de países em desenvolvimento, como Brasil e China.
Segundo ele, o TFFF deverá atrair fundos soberanos que buscam rendimentos fixos, e novos anúncios devem ocorrer após a conferência.