
O governo federal não tem o dever nem o direito de assumir qualquer protagonismo no combate à bandidagem cotidiana de São Paulo. Nem de São Paulo nem de qualquer outro Estado ou cidade.
Bandidos que matam e assaltam, agora em bairros ricos, deveriam ser contidos por Tarcísio de Freitas. Atacar a violência urbana é uma atribuição das polícias estaduais: uma ostensiva, a Militar, e outra investigativa, a Civil.
Lula pode, como está tentando com a PEC da Segurança, buscar a articulação do governo federal com os Estados para o combate ao crime organizado. A PF não combate criminosos nas ruas.
As ruas deveriam estar sob controle de Tarcísio e do seu secretário de Segurança, o tenente da Rota Guilherme Derrite. Mas São Paulo, que não combate os bandidos nas ruas, não quer a Polícia Federal combatendo facções por lá. Tarcísio de Freitas e Derrite não querem.
Tanto que seu secretário de Segurança foi enviado a Brasília para reassumir a cadeira de deputado e relatar o PL Antifacções.
Derrite deveria destruir o projeto apresentado pelo governo e, ao mesmo tempo, proteger o crime organizado e os políticos associados aos grandes chefões da bandidagem, atacando as competências da Polícia Federal.

A bandidagem miúda e graúda continua assaltando e matando gente nas ruas de São Paulo. O governo estadual, responsável pela segurança das cidades por dever constitucional, não combate nem os bandidos das ruas nem os bandidos das facções infiltrados nas fintechs da Faria Lima.
Mas não quer a PF por perto. Foram forças federais, lideradas pela PF e pela Receita, que desvendaram a promiscuidade do mercado financeiro das fintechs da Faria Lima com o crime organizado.
Tarcísio e Derrite não sabiam de nada. Essa realidade expõe um problema para o governo Lula: não há como denunciar a farsa dos entendidos em segurança, porque a retórica deles funciona melhor, é mais efetiva, com a história de que bandido bom é bandido morto.
Morto desde que seja o chinelão das favelas nos esquemas das facções. E, mesmo que não seja parte do crime organizado, será morto se for pobre e negro.
Dois jornalistas que não são da esquerda, nos jornalões, Miriam Leitão e Elio Gaspari, expuseram no domingo, no Globo e na Folha, a farsa dos governadores de extrema direita, que não combatem coisa alguma. Mas e daí?
Daí que o brasileiro médio não sabe nada disso e não quer saber. O brasileiro quer matança. E a polícia que mata não é a federal. É o que Derrite e Tarcísio estão dizendo.
A PF investiga conexões das grandes quadrilhas, e esse é o problema da extrema direita: as suas conexões não podem ser descobertas.
São relações com todo tipo de delinquência, entre as quais a delinquência blindada pela política, que lava dinheiro do PCC na Faria Lima.
A guerra do bolsonarismo contra a PF não acabou depois das derrotas da semana passada.