
O chanceler alemão Friedrich Merz comparou desfavoravelmente o Brasil à Alemanha durante discurso no Congresso Alemão do Comércio. Diante de empresários do varejo, ele pediu que o setor valorize o “equilíbrio” e o ambiente econômico alemão, citando sua passagem por Belém na Cúpula de Líderes, entre 6 e 7 de novembro.
Segundo Merz, jornalistas que o acompanharam ficaram “contentes” ao retornar à Alemanha. “Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão”, afirmou. A fala integra a gravação oficial publicada pelo governo alemão e pelo Congresso do Comércio, evento organizado pela federação varejista HDE e pelo EHI Retail Institute.
No discurso, Merz insistiu para que o país seja defendido como uma democracia consolidada e uma economia de mercado estável. Ele afirmou que a Alemanha “vive em um dos países mais livres do mundo” e que cabe ao setor privado proteger esse ambiente de “ameaças internas e externas”.
A comparação com o Brasil ocorreu poucos dias após sua participação na Cúpula de Líderes em Belém. Merz se reuniu com o presidente Lula e acompanhou discussões preparatórias para a COP30. Na ocasião, elogiou o esforço brasileiro de articular um “mutirão” internacional pela preservação das florestas tropicais.
Merz enaltece Alemanha após viagem a Belém: "Todos ficaram felizes por termos voltado, principalmente por sair daquele lugar." pic.twitter.com/dpRmtgT2Du
— DW Brasil (@dw_brasil) November 17, 2025
O chanceler prometeu que a Alemanha faria uma contribuição “significativa” ao Fundo Florestas para Sempre, prioridade do governo brasileiro para a conferência climática. No entanto, não apresentou valores. A ausência de números foi interpretada como cautela e frustrou integrantes do Planalto que esperavam um anúncio concreto.
Merz reiterou, no encontro com empresários, o argumento de que a política climática alemã precisa avançar com apoio da economia. “A Alemanha mantém seus compromissos climáticos, mas agora não faz mais política climática contra a economia, faz junto com a economia”, disse.
Segundo ele, esse entendimento também foi levado às discussões da Cúpula do Clima em Belém. O chanceler defendeu que responsabilidade ambiental e competitividade podem caminhar juntas, destacando que todos os países contribuem para o problema climático.
No mesmo discurso, Merz mencionou medidas para fortalecer o comércio alemão, incluindo mudanças na política migratória. Ele afirmou que o governo quer atrair profissionais especializados por meio da chamada “imigração qualificada”, criando processos digitais que integrem autorização de trabalho, residência e reconhecimento de qualificações.
Merz citou a futura agência Work-and-Stay como instrumento dessa reorganização. Segundo ele, o objetivo é evitar que trabalhadores cheguem ao mercado de forma “aleatória”, como ocorre em parte dos pedidos de asilo, e introduzir um modelo que facilite contratações de forma planejada. Para o chanceler, essa política representa um incentivo à “boa imigração” e pode ajudar a suprir a falta de mão de obra no país.