
O cantor e compositor Jards Macalé morreu nesta segunda (17), no Rio de Janeiro, aos 82 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Ele estava internado na Barra da Tijuca tratando um enfisema pulmonar. A família confirmou a morte pelas redes sociais do artista, que seguia ativo e criativo mesmo nos últimos anos.
Nascido na Tijuca, Macalé cresceu entre o samba do Morro da Formiga e a música erudita tocada em casa pelos pais, referências que ajudaram a formar seu estilo singular. Estudou com mestres como Guerra Peixe e Turíbio Santos e, nos anos 1960, aproximou-se de figuras como Vinícius de Moraes e Maria Bethânia, de quem se tornou diretor musical.
Veja a nota de falecimento da família do artista:

Sua participação no Festival Internacional da Canção de 1969, com “Gotham City”, marcou sua projeção nacional. Ao longo da carreira, consolidou-se como um nome central da contracultura, dialogando com cinema, poesia marginal e diferentes vertentes musicais.
Autor de “Vapor Barato” e produtor e violonista do disco Transa, de Caetano Veloso, Macalé foi um dos artistas mais inventivos da MPB. Sempre inquieto, circulou com naturalidade entre samba, rock, música contemporânea e poesia, deixando uma obra vasta e influente que atravessou gerações e marcou a vanguarda brasileira.
Veja:
Jards Macalé construiu uma trajetória marcada pela experimentação e pela defesa radical da liberdade criativa. Parceiro de poetas como Waly Salomão, Torquato Neto e José Carlos Capinan, aproximou-se de artistas igualmente indomáveis, como Luiz Melodia.
Nunca abriu mão da coerência artística, cruzando gêneros como bossa nova, rock, blues, samba e choro, sempre com sua voz rascante e um violão singular moldado pela formação erudita. Interpretou tanto seu próprio repertório quanto obras de nomes como Ismael Silva e Lupicínio Rodrigues.
Mesmo após décadas de carreira, manteve relevância e vigor. Em 2019, lançou “Besta Fera”, um dos trabalhos mais elogiados de sua discografia recente. Seu último álbum, “Coração Bifurcado”, saiu em 2023, celebrando seus 80 anos e meio século de carreira. Com 12 faixas inéditas, o trabalho foi descrito pelo próprio Macalé como resposta aos “4 anos de ódio” vividos no país, concebido como “carta de amor e gesto político”.