A prisão de Daniel Vorcaro e a liquidação extrajudicial do Banco Master pelo Banco Central provocaram celebração no mercado financeiro, especialmente na Faria Lima. A medida transferiu ao Fundo Garantidor de Créditos a responsabilidade por uma conta bilionária.
Dados do IFData mostram que havia cerca de R$ 34,4 bilhões em depósitos elegíveis à cobertura do FGC, valor considerado expressivo até entre grandes instituições. “Deixa tocar fogo e vida que segue”, disse uma fonte do setor, resumindo o clima, à revista Veja.
Desde o início do processo, operadores de mercado avaliavam que o BC e o FGC seriam os principais interessados em resolver a crise do Master. A intervenção, porém, foi vista como inevitável para evitar novos riscos sistêmicos. Entre analistas, a percepção é de que qualquer alternativa mais branda criaria problemas adicionais para ambos os órgãos.
No mesmo momento em que a liquidação avançava, Vorcaro, dono do Banco Master e acionista da SAF do Atlético-MG, era monitorado pela Polícia Federal. Investigadores identificaram movimentações do empresário que indicariam uma tentativa de fugir do país antes da operação desta terça (18). Ele planejava viajar primeiro para Dubai, com destino ao Resort Four Seasons, e depois seguir para Assunção para acompanhar a final da Copa Sul-Americana.
A PF prendeu Vorcaro no Aeroporto de Guarulhos quando ele tentava embarcar em um jatinho particular. A suspeita é de que ele descobriu previamente o mandado de prisão. A defesa afirmou que a agenda no Oriente Médio tratava apenas de compromissos de negócios.
O empresário é investigado em duas frentes. A primeira apura a origem de cerca de R$ 300 milhões investidos por ele na compra de 20,2% da SAF do Atlético-MG, por meio do Galo Forte FIP, entre 2023 e 2024. A PF suspeita que o valor tenha relação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
A segunda envolve operações financeiras suspeitas, incluindo emissão de títulos falsos atribuídos ao Banco Master. Com a aquisição dessa fatia, Vorcaro se tornou o terceiro maior acionista da SAF, atrás apenas da família Menin e da associação do clube. O Atlético-MG não se manifestou sobre a prisão. As investigações não têm o clube como alvo.