
O colunista alemão Philipp Lichterbeck, da DW Brasil, publicou um vídeo em que critica a fala do chanceler alemão Friedrich Merz e afirma que o líder europeu usou um “velho olhar neocolonial” ao comentar sua passagem por Belém durante a COP30. A reação ocorreu após Merz dizer que jornalistas que o acompanhavam teriam ficado “contentes” ao retornar à Alemanha depois do evento realizado na capital paraense.
Em discurso no Congresso Alemão do Comércio, Merz afirmou que a Alemanha é “um dos países mais bonitos do mundo” e relatou que nenhum dos jornalistas presentes teria manifestado interesse em permanecer em Belém. O trecho foi divulgado pelo governo alemão e pela organização do evento, e repercutiu entre autoridades e veículos de imprensa.
A emissora alemã Deutsche Welle publicou a reação do colunista Philipp Lichterbeck, autor de um vídeo em que critica a fala de Merz. No material, ele disse: “Caros brasileiros, vamos direto ao ponto. O chanceler alemão Friedrich Merz passou algumas horas em Belém durante a COP30 e saiu dizendo em Berlim que a Alemanha é um dos países mais bonitos do mundo, aliviado por ter deixado aquele lugar onde estivemos.” O jornalista afirmou que o chanceler “nem lembrou o nome Belém”.
Em outro trecho, Lichterbeck afirmou: “Aí entra o velho olhar neocolonial: comparar horas numa cidade amazônica mais ou menos pobre com uma fantasia alemã de ordem e perfeição, sem entender contexto, história nem as razões da desigualdade.” O colunista também mencionou que Merz “não viu nada disso”, ao comentar a natureza amazônica e a rotina local.
O vídeo também abordou aspectos culturais. Lichterbeck declarou: “Talvez ele tivesse percebido a hospitalidade, a musicalidade, o improviso, o calor humano que faz tanta falta na Alemanha.” Em outro momento, disse que Merz “costuma soltar declarações que lembram Donald Trump”, citando provocações e ofensas que, segundo ele, não considerariam o impacto público.
Além da repercussão, Merz já havia participado de reuniões em Belém relacionadas à COP30 e anunciado que a Alemanha contribuiria com um “valor significativo” para o Fundo Florestas para Sempre, sem divulgar o montante. O comentário sobre Belém, porém, tornou-se o principal ponto de reação pública, com críticas de autoridades brasileiras e debate em veículos alemães.