
O vazamento das imagens da prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, desencadeou uma crise interna na Polícia Federal. As imagens, divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostram o banqueiro sendo abordado por um agente à paisana no momento em que passava pelo raio-x, na noite de segunda-feira (17).
Segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, a cúpula da PF reagiu negativamente à exposição pública tanto de Vorcaro quanto do policial que realizou a abordagem, e cobrou explicações da equipe responsável pelas diligências.
Integrantes do governo Lula (PT) têm criticado nos bastidores a divulgação de fotos e vídeos de operações policiais, argumentando que isso reforça a “espetacularização” das ações.
As imagens que provocaram o mal-estar foram captadas por câmeras internas de segurança e mostram Vorcaro de blazer preto, camisa branca e carregando documentos pouco antes de receber voz de prisão. A operação foi antecipada após investigadores identificarem que o empresário tentava deixar o país em um jato particular.

A PF suspeitava que Vorcaro buscava fugir para evitar o cumprimento da ordem judicial, proferida às 15h29 da segunda-feira. Segundo os investigadores, o plano de voo apresentado previa uma viagem de Guarulhos para Malta, no Mediterrâneo.
A defesa, porém, nega tentativa de fuga e afirma que o destino final era Dubai, onde ele se encontraria com investidores árabes que teriam demonstrado interesse na compra do Banco Master. “Vorcaro anunciou ontem a venda da instituição e tinha plano de voo a Dubai para se encontrar com os compradores”, disse a defesa, reforçando que o empresário “já havia se colocado à disposição para cooperar com as autoridades”.
Segundo apuração feita pelo DCM, ele já tinha até reservas feitas no Resort Four Seasons, na praia de Jumeirah, em Dubai, onde as diárias vão de R$ 10 mil à R$ 300 mil.
A prisão ocorreu enquanto a PF preparava para o dia seguinte a deflagração da Operação Compliance Zero, que investiga crimes contra o sistema financeiro envolvendo Vorcaro e executivos do Master durante a tentativa de venda do banco ao BRB.
Para os investigadores, o anúncio da venda ao grupo Fictor teria funcionado como “cortina de fumaça” para legitimar a viagem internacional do banqueiro. Os agentes monitoraram sua movimentação e, ao identificarem seu deslocamento de helicóptero até Guarulhos, decidiram antecipar o cumprimento do mandado.
Ao passar pelo raio-x, por volta das 22h, Vorcaro foi surpreendido por um policial federal à paisana, que exibiu o distintivo e anunciou a ordem de prisão.
A partir daí, foi conduzido à Superintendência da PF e permaneceu à disposição da Justiça Federal de Brasília. Fontes da investigação afirmam que, além dos títulos de crédito falsos atribuídos ao Master, há indícios de que a operação de venda anunciada horas antes não tinha base técnica nem respaldo regulatório, o que reforçou a suspeita de fuga.