
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, costumava reclamar a aliados influentes de que jamais conseguira ser recebido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mesmo com acesso facilitado a figuras importantes em Brasília e em São Paulo, o banqueiro nunca obteve espaço na agenda do ministro.
Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, nos últimos anos, Vorcaro construiu uma rede de contatos que incluía nomes da Casa Civil, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF). A proximidade com autoridades de diferentes poderes consolidou sua circulação nos bastidores.
Ainda assim, Haddad manteve distância. Para tentar reverter a situação, Vorcaro recorreu a advogados ligados ao ministro e até a Guido Mantega, que prestava serviços ao Master. As tentativas não prosperaram e interlocutores próximos relatam que o ministro não viu motivos para receber o banqueiro.
Haddad buscou referências no mercado antes de qualquer decisão. As respostas foram unânimes: o Master enfrentava fragilidades graves e poderia colapsar a qualquer momento. Diante das informações, o ministro optou por não abrir uma exceção em sua agenda.

Rotineiramente, Haddad recebe empresários e dirigentes de diversos setores. No caso de Vorcaro, porém, avaliou que o encontro não seria adequado. A decisão contrariou expectativas do banqueiro, que acreditava que a interlocução política seria suficiente para abrir portas.
Apesar disso, aliados de Vorcaro sustentam que a resistência do ministro teria sido influenciada por rivais do setor financeiro, especialmente André Esteves, do BTG Pactual. A versão é rejeitada por pessoas próximas a Haddad, que dizem que a posição dele se baseou apenas em critérios técnicos.
Interlocutores do governo afirmam que o tempo confirmou a decisão do ministro. O Banco Master foi liquidado pelo Banco Central e Vorcaro acabou preso pela Polícia Federal, reforçando a avaliação de que o encontro teria gerado desgaste desnecessário.