Comissão argentina vê indícios de fraude de Milei ao promover criptomoeda

Atualizado em 19 de novembro de 2025 às 16:01
Javier Milei

Uma comissão de investigação da Câmara argentina concluiu que a divulgação da criptomoeda $LIBRA pelo presidente Javier Milei, em fevereiro, pode configurar fraude. O relatório, divulgado nesta terça-feira (18), afirma que os fatos analisados são “compatíveis com uma suposta fraude” e atribui a ele e à irmã, Karina, “responsabilidade política” pelo caso.

O documento foi encaminhado ao Congresso, que avaliará se houve “má conduta no exercício de suas funções”. O caso começou quando Milei publicou nas redes sociais um post promovendo a recém-criada $LIBRA. A moeda valorizou de forma explosiva, passando de US$ 0,25 para US$ 5,54 em minutos, e depois desabou, gerando prejuízos milionários.

“Sou um otimista tecnológico fanático”, disse Milei ao tentar explicar a postagem, afirmando que queria apenas “ajudar um argentino”. Mesmo assim, dezenas de denúncias foram apresentadas contra ele na Argentina e no exterior.

A comissão enviou suas conclusões à Justiça, enquanto o futuro do caso no Congresso ainda é incerto, já que a nova composição parlamentar tende a ser mais favorável ao governo. Milei e Karina não compareceram às convocações da comissão.

A cronologia do colapso da $LIBRA inclui compras iniciais de valores elevados, avaliadas por especialistas como movimento de robôs programados para agir após o post do presidente. A moeda chegou a atingir capitalização de US$ 4,5 bilhões antes de despencar.

O empresário americano Hayden Mark Davis, um dos principais impulsionadores do lançamento da $LIBRA, e Javier Milei na Casa Rosada

A suspeita central é de que tenha ocorrido um “Rug Pull”, golpe no qual os criadores inflacionam o valor de um ativo e vendem antes do colapso. Após a repercussão negativa, Milei apagou o tweet e declarou que “não estava ciente dos detalhes”.

A oposição entrou com pedidos de impeachment, e a juíza María Romilda Servini consolidou investigações por fraude e violação da lei de Ética Pública. Nos Estados Unidos, o FBI também pode investigar o caso, segundo denúncia apresentada por advogados argentinos.

A polêmica envolve ainda Hayden Mark Davis, da Kelsen Ventures, apontado como um dos responsáveis pela criação da $LIBRA. Ele afirma que trabalhava com Milei em projetos de tokenização e que o desaparecimento do apoio público do presidente prejudicou o projeto.

Davis relatou que o plano previa dois tweets de Milei e a adesão de influenciadores para impulsionar a moeda. Ele prometeu reinvestir US$ 100 milhões para dar liquidez ao ativo, mas disse que o valor seria da própria Argentina e que recebeu orientações contraditórias da equipe presidencial.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.