
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgará, em até 30 dias, os arquivos relacionados à investigação sobre o bilionário e criminoso sexual Jeffrey Epstein. O anúncio foi feito pela procuradora-geral Pam Bondi nesta quarta-feira (19), um dia após o Congresso aprovar, quase por unanimidade, o projeto de lei que obriga o governo a liberar toda a documentação sobre o caso.
Epstein é acusado de abusar de mais de 250 meninas menores de idade e de chefiar uma rede de exploração sexual nos anos 2000. Bondi afirmou que cumprirá a determinação, mas alertou que alguns trechos poderão ser retidos caso atrapalhem investigações ordenadas pelo presidente norte-americano Donald Trump envolvendo figuras democratas ligadas a Epstein.
O caso voltou ao centro do debate público depois de o Congresso divulgar mensagens em que que Epstein menciona encontros do presidente com uma das vítimas. Em e-mails de 2018, o bilionário escreveu que Trump “passou horas” em sua casa.
Outro documento mostra Epstein dizendo a sua então esposa, Ghislaine Maxwell, que “o cachorro que não latiu é Trump”, insinuando que o presidente não havia sido citado por nenhuma vítima. Trump classificou as menções como “armadilha” da oposição, enquanto a Casa Branca afirma que ele “não fez nada de errado”.

O novo projeto determina que todos os documentos, inclusive os relacionados à morte de Epstein na prisão em 2019, sejam divulgados, exceto informações que envolvam vítimas ou investigações ativas. A lei proíbe censuras motivadas por “constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política”.
A aprovação foi vista como um revés político para Trump, que vinha alternando posições sobre a liberação dos arquivos. Durante a campanha de 2024, Trump prometeu tornar públicos todos os registros sobre o caso, mas recuou após o Departamento de Justiça afirmar não ter encontrado provas da existência da suposta lista de clientes de Epstein.
A mudança de postura gerou pressão de democratas e de parte dos republicanos. Mesmo assim, o texto chegou ao número mínimo de assinaturas e avançou na Câmara. Em fevereiro deste ano, o governo já havia divulgado documentos preliminares.
Bondi afirmou que uma lista estava “em sua mesa para revisão”, mas o DOJ posteriormente negou sua existência, o que frustrou apoiadores que difundem teorias da conspiração ligadas ao caso. No fim, Trump acabou apoiando a proposta, dizendo que os republicanos “não tinham nada a esconder”.
Com mais de 20 mil páginas já tornadas públicas, deputados democratas afirmam que os e-mails reacendem dúvidas sobre o relacionamento entre Trump e Epstein. O New York Times sugeriu que o presidente pode conhecer mais detalhes do que admitiu. Enquanto isso, a Casa Branca sustenta que a divulgação mostrará que Trump “agiu corretamente” e que o caso é parte de uma ofensiva política da oposição.