
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (19) que os resultados obtidos até agora na COP30 o deixam disposto a tentar convencer Donald Trump, dos Estados Unidos, sobre a importância da agenda climática.
Ele reiterou que convidou o norte-americano para a conferência, mas que o governo dos EUA manteve o boicote às negociações e não enviou delegação. Em Belém (PA), Lula buscou avançar no debate sobre o mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis, proposta defendida pela ministra Marina Silva.
“Eu estou tão feliz que um dia haverei de convencer o presidente dos Estados Unidos de que a questão climática é séria e de que o desenvolvimento verde é necessário. E estou tão feliz que eu sonhei um dia até acabar com uma guerra da Rússia e da Ucrânia”, declarou o petista. Assista a partir de 21’30”:
Durante as reuniões, Lula declarou que empresas petroleiras, mineradoras e grandes fortunas deveriam assumir parte dos custos da transição energética. Ele voltou a defender o plano que prevê a eliminação gradual da exploração de combustíveis fósseis, afirmando que cada país pode adotar o processo conforme suas condições, mas ressaltou a necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa.
A fala ocorreu em meio à resistência de alguns países em apoiar a proposta por receio de futuras metas obrigatórias.
O presidente comentou os protestos registrados no início da COP30 e criticou modelos de conferências que limitam a participação social. Ele afirmou que encontros internacionais não deveriam ser cercados por barreiras extensivas de segurança e citou a marcha popular realizada em Belém. Segundo Lula, a presença do público ocorreu de forma organizada e foi acompanhada de reivindicações relacionadas à pauta climática, gênero e participação social.
Lula destacou a atuação da primeira-dama Janja em eventos sobre igualdade de gênero e, em diferentes encontros, incentivou países a reforçar contribuições ao Fundo de Florestas Tropicais (TFFF). No mesmo dia, a Alemanha anunciou novo aporte de €1 bilhão ao mecanismo. O presidente também participou de discussões sobre adaptação climática e financiamento, pontos que têm dividido delegações na COP30 e dificultado consensos.
Além de reuniões com a delegação brasileira, Lula se encontrou com representantes de nações da África, Egito, Arábia Saudita, China, Índia, Venezuela, União Europeia, Alemanha, Portugal, Jamaica e Ilhas Maldivas.
Ele também conversou com ambientalistas, lideranças indígenas, pesquisadores, entidades do setor produtivo e integrantes do MST, além de ter se reunido com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Os encontros buscaram alinhar estratégias para acelerar negociações da conferência.
Ao fim do dia, organizações da sociedade civil avaliaram que ainda há desafios relevantes. A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, afirmou que a conferência não está concluída e que é necessário que propostas defendidas por Lula, como a cobrança a petroleiras, mineradoras e super-ricos, apareçam no texto final acordado pelos países. Ela disse que só após esse passo haverá condições para celebrações amplas sobre os resultados da COP30.