Primeiros dias da liquidação do Banco Master têm demissões e bloqueios

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 8:20
Grupo de pessoas deixa o banco Master após prisão de Daniel Vorcaro, nesta terça (18). Foto: Amanda Perobelli/Reuters

A liquidação do Banco Master começou na terça (18), logo após o Banco Central decretar o encerramento das atividades do grupo. O responsável pelo processo é Eduardo Felix Bianchini, veterano em dissoluções bancárias e dono da EFB Regimes Especiais de Empresas. Ele já comandou liquidações como as do Cruzeiro do Sul, do BVA e da Gradual Corretora, todas consideradas complexas no mercado financeiro.

Além de encerrar as operações do Master, Bianchini terá de manter o funcionamento do Will Bank, braço digital do grupo que segue operacional e desperta interesse de investidores, incluindo o fundo Mubadala. O Master Múltiplo, controlador do Will, entrou em Regime de Administração Especial Temporária, também sob comando de Bianchini, mas sem suspensão das atividades.

Foram liquidados o Banco Master, o banco de investimento, a corretora de câmbio e valores mobiliários e o Letsbank. O BC justificou a medida pela crise de liquidez e por violações graves às normas bancárias. No caso das demais empresas, pesou a ligação direta com o Master.

O anúncio da liquidação coincidiu com uma operação da Polícia Federal que investiga suspeitas de fabricação de carteiras de crédito envolvendo o Master e o BRB, com impacto estimado em R$ 12 bilhões. O dono do grupo, Daniel Vorcaro, e outros executivos foram presos.

Daniel Vorcaro ao lado do logo do banco Master. Foto: Divulgação

No primeiro dia, a rotina de uma liquidação costuma começar cedo. O liquidante chega por volta das 6h, assume o controle do local e bloqueia imediatamente os acessos internos de todos os funcionários. Aos poucos, ele decide quem terá as credenciais restabelecidas, de acordo com a necessidade de continuidade das atividades.

Demissões são esperadas no início, especialmente em áreas comerciais que deixam de fazer sentido após a suspensão das operações. Já equipes de tecnologia e contabilidade tendem a ser preservadas. Quando necessário, o liquidante ainda contrata profissionais extras para organizar arquivos, rever contas e mapear todas as posições financeiras.

Uma das etapas essenciais é a elaboração do balanço de abertura da liquidação, que retrata a situação financeira exata do banco no momento da intervenção. O documento passa por auditoria e indica o tamanho do passivo descoberto, isto é, o que o banco deve e não tem como pagar.

O liquidante também levanta os depositantes e comunica o Fundo Garantidor de Créditos. O FGC estima cerca de 30 dias para iniciar o ressarcimento. No caso do Master, são aproximadamente 1,6 milhão de credores com depósitos e investimentos cobertos, somando perto de R$ 41 bilhões. O fundo entrará no quadro geral de credores, mas deve ficar atrás de dívidas trabalhistas, créditos com garantia e tributos.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.