Dinheiro vivo, carros e joias de luxo: os R$ 230 milhões apreendidos do Banco Master

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 15:56
Martha Graeff e Daniel Vorcaro. Foto: reprodução

A Polícia Federal apreendeu mais de R$ 230 milhões em joias, veículos e dinheiro em espécie durante a operação que mirou executivos do Banco Master e do Banco de Brasília (BRB). O valor inclui uma aeronave de R$ 200 milhões, pertencente ao controlador do Master, Daniel Vorcaro, preso pela PF na última segunda-feira (17) ao tentar deixar o país pelo aeroporto de Guarulhos em um jato particular.

Vorcaro e mais seis executivos ligados ao banco foram detidos na chamada Operação Compliance Zero. Eles são acusados de fraude em papéis vendidos ao banco BRB.

O esquema, segundo as investigações, pode ter movimentado R$ 12 bilhões. A instituição é acusada de vender títulos de crédito falsos, emitindo CDBs com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado, um retorno considerado irreal pelas autoridades.

A operação apreendeu, segundo o G1:

  • Veículos: R$ 9,2 milhões
  • Dinheiro em espécie: R$ 2 milhões
  • Relógios: R$ 6,15 milhões
  • Joias: R$ 380 mil
  • Obras de arte: R$ 12,4 milhões
  • Aeronave: R$ 200 milhões

A prisão de Vorcaro, que mantinha uma vida de luxo com as fraudes, foi mantida pela Justiça Federal nesta quinta-feira (20). A desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), rejeitou um pedido de liminar para colocar o banqueiro em liberdade.

A decisão ocorre após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade dos bens dos controladores, interrompendo automaticamente a negociação de venda do banco para um consórcio liderado pelo grupo Fictor Holding Financeira.

A operação que levou às prisões revelou um esquema de fraudes de proporções inéditas. Segundo a investigação, as cúpulas do Banco Master e do BRB “fabricaram” pelo menos 20 títulos de crédito inexistentes para justificar a transferência de R$ 12,2 bilhões do banco estatal para o Master entre janeiro e maio de 2025.

Documentos analisados por técnicos do Banco Central indicam que todos os contratos eram “falsificações grosseiras”, produzidos às pressas após o BC exigir comprovação das operações. De acordo com a jornalista Malu Gaspar, uma leva inteira foi autenticada no mesmo dia e no mesmo cartório de São Paulo, em abril de 2025.

As suspeitas surgiram após o anúncio, no fim de março, de que o BRB pagaria R$ 2 bilhões por 58% do Master, mantendo o controle com os atuais donos, numa espécie de socorro financeiro diante da fragilidade de liquidez da instituição de Vorcaro. Dos R$ 12,2 bilhões movimentados, R$ 6,7 bilhões foram lastreados por contratos falsos e R$ 5,5 bilhões classificados como prêmios.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.