Lula fala em “respeito” e comemora derrubada do tarifaço dos EUA contra o Brasil

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 21:23
Presidente Lula, durante pronunciamento no Salão do Automóvel. Reprodução YouTube

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira estar satisfeito com o fato de Donald Trump começar a retirar parte das taxas impostas aos produtos brasileiros. A declaração foi feita durante a participação dele no Salão do Automóvel, em São Paulo, horas depois de a Casa Branca publicar a nova lista de itens liberados da tarifa adicional. Segundo Lula, o movimento de Washington é consequência direta da retomada do diálogo entre os dois países.

Lula disse que recebeu a notícia com tranquilidade e descreveu o gesto como um início de revisão das medidas adotadas pelo governo norte-americano nos últimos meses. “E hoje estou feliz porque o presidente Trump começou a reduzir umas taxações que ele tinha feito em alguns produtos do Brasil”, afirmou. Ele reforçou que a relação bilateral está avançando e que novas mudanças podem ocorrer à medida que, nas palavras dele, o país “consiga galgar respeito das pessoas”.

O presidente comparou o momento a episódios anteriores de crise internacional e afirmou que não reage sob pressão. Segundo ele, as cobranças para que o Brasil enfrentasse as tarifas foram intensas, mas o governo optou por manter um canal aberto com os Estados Unidos. Lula destacou que o comércio exterior brasileiro precisa de estabilidade e que as taxas adicionais impactaram setores relevantes da economia.

Durante o evento, Lula disse ainda que não considera necessário que o governo americano comunique o Brasil previamente sobre mudanças tarifárias. “Ninguém precisa ser comunicado a meia-noite, que um presidente vai fazer um decreto, tem que ser meio-dia”, afirmou. A frase foi entendida como uma crítica indireta à forma como o tarifaço original havia sido anunciado por Trump.

Nos bastidores, a avaliação do governo é de que a reversão parcial tem relação com a inflação norte-americana e com a pressão sobre alimentos. A retirada das sobretaxas afeta itens como carne bovina, café, açaí e cacau, que estavam entre os mais atingidos desde julho. O Ministério da Agricultura acompanha o impacto da decisão e afirma que a medida devolve competitividade a produtores brasileiros.

A equipe econômica também trabalha com a expectativa de que esse seja o primeiro passo para uma revisão mais ampla. Interlocutores do Itamaraty afirmam que o Brasil continuará negociando para a retirada das tarifas que permanecem ativas. A ordem executiva assinada por Trump ainda mantém medidas específicas em setores considerados sensíveis pelos Estados Unidos.

Empresas e entidades do agronegócio receberam a notícia como um sinal positivo. Representantes do setor disseram que a decisão melhora o ambiente comercial e reduz custos logísticos. A projeção é de que a retomada do fluxo de exportações beneficie principalmente produtores de carne e café, que viram queda expressiva nas vendas após a adoção das tarifas mais altas.

A declaração de Lula encerrou uma semana marcada por intensa movimentação diplomática entre Brasília e Washington. O governo brasileiro pretende seguir pressionando por novas flexibilizações, enquanto monitora o comportamento dos mercados após a decisão.