Trump causa revolta ao acusar democratas de “traição punível com morte”

Atualizado em 20 de novembro de 2025 às 21:54
Donald Trump durante encontro com militares na Virginia. Foto: Jim Watson – 30.set.25/AFP

A reação foi imediata depois que Donald Trump atacou um grupo de parlamentares democratas, afirmando que eles teriam cometido “comportamento sedicioso, punível com morte”, e defendendo que fossem presos. A acusação veio após a divulgação de um vídeo em que os congressistas dizem a militares que não cumpram ordens ilegais.

O material, publicado na terça-feira, reúne seis parlamentares com histórico nas Forças Armadas ou na área de inteligência: as senadoras Elissa Slotkin e Mark Kelly, e os deputados Maggie Goodlander, Chris Deluzio, Chrissy Houlahan e Jason Crow. No vídeo, eles lembram que todos os integrantes das Forças Armadas juram defender a constituição e reforçam que militares podem — e devem — recusar ordens que violem a lei.

A fala irritou Trump, que escreveu no Truth Social: “Isso é comportamento sedicioso no mais alto nível. Cada um desses traidores deveria ser preso e levado a julgamento.” Em seguida, publicou novas mensagens dizendo que as declarações dos parlamentares eram “perigosas”, repetiu que se tratava de “comportamento sedicioso, punível com morte” e ainda compartilhou uma postagem que dizia: “Enforquem eles — George Washington o faria!”

O líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, a líder da minoria Katherine Clark e o presidente do caucus democrata, Pete Aguilar, divulgaram nota denunciando as declarações. Segundo eles, os parlamentares citados serviram ao país com dedicação e não podem ser alvo de ameaças de morte feitas pelo presidente. O grupo afirmou também que já acionou o sargento de armas da Câmara e a polícia do Capitólio para reforçar a proteção aos congressistas e suas famílias.

Os parlamentares que aparecem no vídeo divulgaram outra nota conjunta. Eles lembraram que assumiram o compromisso de defender a constituição e que esse compromisso permanece após deixarem a ativa. Afirmaram ainda que não serão intimidados e que o presidente está atacando exatamente o ato de reafirmar o que a lei já determina.

O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, criticou Trump duramente e escreveu no X: “O presidente dos Estados Unidos está pedindo a execução de autoridades eleitas.”

Enquanto isso, o presidente da Câmara, Mike Johnson, saiu em defesa de Trump. Para ele, o vídeo dos democratas foi “impróprio” e colocou militares em posição de questionar ordens. Johnson afirmou ao Independent que Trump estava “definindo o crime de sedição”, embora tenha dito que advogados precisarão analisar os detalhes.

Na Casa Branca, a secretária de imprensa Karoline Leavitt afirmou que o presidente não deseja executar parlamentares democratas. Segundo ela, a reação de Trump foi motivada pelo fato de congressistas terem gravado um vídeo estimulando militares a desafiar ordens do comandante-em-chefe. Leavitt disse ainda que romper a cadeia de comando pode causar mortes e gerar caos.